Como funciona o pagamento mínimo do cartão de crédito?
Veja como funciona o pagamento mínimo do cartão de crédito e confira se vale mais a pena pagar o mínimo ou parcelar a fatura
14 de fevereiro de 2023
Se você utiliza algum cartão de crédito, provavelmente já notou que, além do valor total, a fatura apresenta a possibilidade do pagamento mínimo. Sabendo que muitas pessoas têm dúvidas a respeito disso, preparamos este conteúdo completo sobre como funciona o pagamento mínimo do cartão de crédito.
O que é o pagamento mínimo de cartão de crédito?
O pagamento mínimo é o menor valor que você pode pagar sem ficar em atraso no pagamento da fatura do cartão e sem ficar inadimplente. A porcentagem é estipulada pela administradora do cartão.
Como já explicamos em nosso texto sobre o funcionamento da fatura do cartão de crédito, o pagamento mínimo é um valor definido pela instituição financeira para quem não tiver condições de pagar o custo total da fatura em algum mês.
A diferença entre o pagamento mínimo e o valor da fatura é “emprestado” pela administradora. Essa modalidade de crédito é chamada de rotativo do cartão e tem uma das taxas de juros mais altas do mercado.
No mês seguinte, você precisa pagar pelo valor restante com acréscimo de juros e IOF, sendo que o crédito rotativo pode ser utilizado por no máximo 30 dias, de acordo com uma regra do Banco Central.
Isso mostra a importância de entender como funciona o pagamento mínimo do cartão de crédito, para que as suas contas não virem uma bola de neve e você acabe perdendo o controle das próprias finanças.
O que acontece se pagar o mínimo da fatura?
Agora que você já sabe sobre a relação entre o pagamento mínimo e o crédito rotativo, é mais fácil explicar o que acontece se pagar o mínimo do cartão de crédito.
De forma geral, quando você paga o mínimo da fatura, automaticamente aciona o crédito rotativo do cartão de crédito. No mês seguinte, é necessário pagar o valor que ficou faltando, com juros e IOF.
A principal vantagem de pagar o mínimo é que você não fica inadimplente, não tem o cartão de crédito bloqueado e não corre o risco de ficar com o nome sujo por conta do atraso no pagamento.
Por outro lado, a maior desvantagem é o custo do crédito rotativo, já que os juros, em média, são mais altos do que de outras modalidades de crédito, como o empréstimo pessoal, por exemplo.
Como funciona o pagamento mínimo do cartão de crédito?
O pagamento mínimo funciona da seguinte forma: a instituição determina uma porcentagem da fatura como valor mínimo e disponibiliza o crédito rotativo como complemento para você não atrasar o pagamento.
Se você pagar qualquer valor entre o mínimo e o total da fatura, o restante será financiado pelo rotativo e deverá ser pago na fatura seguinte.
Antigamente, o valor mínimo era padronizado em 15% do valor total da fatura no mês. Se você pagasse menos que o mínimo, caía no crédito rotativo não regular, com taxas ainda mais altas.
Isso mudou em 2018, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) limitou e criou novas regras para os juros do rotativo do cartão de crédito.
Hoje em dia, não existe mais uma taxa mínima padronizada. A porcentagem é definida pela instituição financeira e prevista em contrato. Ainda assim, a maioria gira em torno de 15%.
Além do mais, como já falamos acima, o crédito rotativo pode ser usado por no máximo um mês. Depois disso, a instituição financeira deve oferecer alguma opção com taxas melhores, como o parcelamento do cartão de crédito.
Posso pagar um valor menor que o mínimo da fatura?
Como o próprio nome já indica, o pagamento mínimo é o menor valor que você pode pagar sem ficar inadimplente junto à instituição financeira.
Portanto, geralmente, se você pagar menos que o mínimo, ficará com o valor em aberto e cairá na inadimplência, com risco de ter o cartão cancelado e o nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, como o Serasa.
Caso perceba que não conseguirá pagar nem o mínimo da fatura, você pode entrar em contato com a administradora do cartão para tentar renegociar o pagamento.
Leia mais: Como fazer uma renegociação de dívidas?
Uma alternativa é optar pelo parcelamento da fatura do cartão, que tem taxas de juros mais baixas e um prazo maior para pagamento. Vamos falar mais sobre isso daqui a pouco, beleza?
Se eu pagar o mínimo do cartão libera o limite?
Muitas pessoas têm dúvidas sobre como funciona o limite do cartão quando paga apenas o mínimo. O limite é liberado?
O limite do cartão de crédito é utilizado quando você faz alguma compra e é liberado à medida que paga as faturas.
Quando você escolhe pagar o mínimo da fatura, o limite liberado é apenas o referente ao valor mínimo quitado por você.
Para ficar mais claro, vamos supor que você tem R$ 1 mil de limite e utilizou ele todo em um mês. No fechamento da fatura, você conseguiu pagar apenas o valor mínimo, estipulado em R$ 150.
Nesse cenário, embora você não esteja inadimplente, só terá o limite de R$ 150 durante o mês seguinte, que é o valor que foi quitado.
Vale a pena pagar o mínimo do cartão de crédito?
Em resumo, o pagamento mínimo da fatura só compensa em situações muito específicas. Por exemplo, caso você tenha algum imprevisto, não queira ficar em atraso e saiba que conseguirá pagar a dívida no mês seguinte.
Dessa forma, você ganha um prazo maior para pagar a fatura e não corre o risco de sujar o próprio nome.
Leia mais: Aprenda a consultar CPF e como limpar o nome
Por outro lado, geralmente, o pagamento mínimo não vale a pena. O principal motivo é o acionamento do crédito rotativo, que tem taxas de juros altíssimas, como já dissemos.
Para você ter ideia, o juro médio do rotativo do cartão fechou o ano de 2022 em 409,3% ao ano, o maior valor da série histórica, segundo dados do Banco Central. No fim de 2021, era de 347,4%.
O crescimento dos juros também é refletido no aumento da inadimplência das pessoas físicas no cartão de crédito, que chegou a 44,7% no fim de 2022, recorde histórico.
Com juros tão altos, você pode ter que pagar praticamente o mesmo valor no mês seguinte que teria que ter quitado no mês atual, mesmo com o pagamento mínimo. Parece confuso? Vamos voltar para o exemplo dado anteriormente.
Se o valor total da fatura fosse de R$ 1 mil e você pagasse apenas o mínimo, nesse caso R$ 150, os outros R$ 850 seriam financiados pelo crédito rotativo. Com juros de 403,9% ao ano, você teria que pagar no mês seguinte R$ 972,62 do rotativo, sem contar o IOF.
Valor da fatura | Mês 1 | Mês 2 | Total |
R$ 1 mil | R$ 150 | R$ 972,62 | R$ 1.122,62 |
Ou seja, o valor da dívida no mês seguinte seria praticamente o mesmo, ainda que você já tenha quitado R$ 150. Isso pode provocar uma sensação de que não valeu a pena optar por esse pagamento.
Além do mais, como já abordamos, o pagamento do valor mínimo não resulta na liberação do seu limite total do cartão de crédito.
Qual compensa mais: pagamento mínimo ou parcelamento da fatura?
A principal alternativa em relação ao pagamento mínimo é o parcelamento da fatura. Mas o que vale mais a pena, pagar o mínimo ou parcelar?
A mesma resolução do Banco Central que determina que o crédito rotativo pode ser utilizado por no máximo 30 dias também prevê que a administradora deve oferecer uma alternativa após esse prazo.
Geralmente, a solução é o parcelamento, que obrigatoriamente precisa ter condições melhores do que o rotativo do cartão.
Isso fica claro quando comparamos as taxas de juros das duas modalidades de crédito, com base em números do Banco Central até o fim de janeiro de 2023.
Enquanto o valor médio dos juros do rotativo é superior a 442% ao ano, podendo chegar a mais de 1200% ao ano em alguns casos, a média das taxas do parcelamento é de cerca de 187% ao ano.
Portanto, fica claro que o parcelamento da fatura vale mais a pena do que o pagamento do valor mínimo.
O principal ponto de atenção é com o seu limite. Caso opte pelo parcelamento, ele só será restabelecido a cada vez que você quitar alguma prestação.
8 dicas para evitar complicações com o cartão de crédito
A melhor opção é não precisar recorrer ao rotativo ou ao parcelamento do cartão de crédito. Se você não está conseguindo pagar a fatura, é um sinal de que as suas finanças estão fora de controle.
Muitas pessoas estão nessa situação. O nível de endividamento e inadimplência das famílias brasileiras nunca esteve tão alto e o cartão de crédito é um dos maiores vilões.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, 77,9% das famílias contraíram dívidas ao longo de 2022, maior valor da história da pesquisa.
O cartão de crédito foi a modalidade de dívida mais citada pelos entrevistados, representando 86,6% do total, um aumento de 4 pontos percentuais em relação a 2021.
Pensando nisso, listamos algumas dicas que podem te ajudar a não se complicar com o seu cartão de crédito:
1. Faça um raio X da sua situação financeira
O que fez com que você não conseguisse pagar o valor total da fatura do cartão de crédito? Alguma emergência financeira? Ou você gastou mais do que poderia ao longo do mês?
É fundamental que você saiba quanto ganha exatamente, quais são os seus gastos fixos ao longo do mês e entenda sobre a sua realidade financeira.
2. Elabore um planejamento financeiro
O melhor jeito de ter controle sobre o seu dinheiro é fazer um bom planejamento financeiro.
Leia mais: Planejamento financeiro pessoal: faça o seu em 5 passos
Dessa forma, você pode organizar o orçamento da sua família e definir um limite de gastos com o cartão de crédito.
3. Não gaste mais do que você pode pagar no fim do mês
Caso as suas contas não estejam fechando com frequência, você precisa atuar para cortar gastos desnecessários e economizar dinheiro.
Nesse sentido, só gaste no cartão valores que você tem certeza que terá condições de pagar no fechamento da fatura, com um cuidado especial com as compras parceladas.
Leia mais: Como parcelar boleto sem perder o controle das finanças
4. Crie uma reserva de emergência
Se você ainda não tem uma reserva de emergência, é hora de dar mais atenção para esse assunto, que é crucial para a sua segurança financeira.
Por exemplo, com uma reserva de emergência, você tem recursos para pagar a fatura do cartão de crédito caso tenha algum imprevisto, sem precisar acionar o rotativo do cartão.
5. Evite cair no rotativo ou no parcelamento
Já falamos antes, mas é bom destacar novamente. Para evitar que as suas finanças saiam do controle, faça de tudo para não cair no rotativo do cartão ou no parcelamento da fatura.
Como são linhas de crédito com taxas de juros mais elevadas, procure por outras alternativas para não criar dívidas com o cartão.
6. Quite as dívidas o quanto antes
Se você precisar recorrer ao rotativo ou ao parcelamento do cartão, busque resolver a sua situação no menor tempo possível, para fugir dos juros.
Para te ajudar, temos um conteúdo completo sobre como quitar dívidas ganhando pouco em 5 passos.
Leia mais: Como juntar dinheiro com 14 dicas de renda extra
7. Não faça novas compras se você estiver endividado
Além disso, enquanto você estiver com alguma dívida de cartão, evite ao máximo novas compras no crédito.
Por exemplo, caso você tenha parcelado os seus débitos, é preciso levar esse gasto mensal em consideração no momento de organizar as suas contas.
8. Troque dívidas do cartão por outras mais baratas
Por fim, uma maneira de resolver pendências com a administradora do cartão e fugir dos juros do rotativo ou do parcelamento é trocar por uma dívida mais barata.
Como falamos em nosso conteúdo que explica se vale a pena ou não pegar empréstimo para quitar dívidas, existem alternativas com juros mais baixos, como o empréstimo pessoal, consignado ou antecipação do saque-aniversário do FGTS.
Entendeu como funciona o pagamento mínimo do cartão de crédito? Se você quiser aprender mais sobre temas relacionados às suas finanças, veja a nossa editoria sobre o seu dinheiro!