Mesmo que a tarefa de calcular juros de empréstimo seja de responsabilidade da instituição financeira, também é importante que você saiba como funciona esse cálculo antes de contratar algum tipo de crédito. 

De forma geral, é recomendado que você saiba como consultar esse dado para averiguar se os valores praticados estão de acordo com o mercado e com as regras da modalidade.

Isso porque a taxa de juros no Brasil flutua por diversos fatores, como inflação, políticas públicas e taxa básica de juros (Selic).

Antes da pandemia do novo coronavírus, por exemplo, a Selic estava baixa (2% ao ano) e foi acompanhada por juros mais atrativos e um crescente aumento na contratação de empréstimo pessoal. 

Durante a crise, houve uma queda na procura e um movimento das instituições financeiras em oferecer melhores condições, como custos menores e prazos mais longos para pagamento. O que, naturalmente, também impactou o juro médio.

É possível notar que diferentes variações podem gerar reflexos semelhantes na taxa de juros do empréstimo e, consequentemente, confundir aqueles que querem escolher o melhor momento para contratar crédito pessoal.

Para facilitar esta análise, desenvolvemos este artigo sobre o tema, com informações de como calcular juros de empréstimo, quais itens afetam o cálculo e muito mais. 

Como calcular juros de empréstimo?

O cálculo da taxa de juros de empréstimo é comumente realizado pela fórmula:

M = C (1 + i)^t

Onde “M” é o valor final, “C” é o capital emprestado, “i” a taxa de juros anual e “t” o prazo do empréstimo. Note que é preciso ter o valor de três variáveis para calcular uma terceira e a operação relaciona juros compostos.

Para chegar ao valor final, é necessário somar a taxa de juros com “1”, multiplicar pelo prazo e, então, multiplicar pela quantia emprestada.

Veja um exemplo abaixo, para um empréstimo de R$10 mil (C), taxa de juros mensal de 1,76% (i) e 7 anos de prazo (t). 

M = 5.000 (1+0,0176)^7

M = 5.000 (1,0176)^7

M = 5.000 X 1,149

M = 5.745

As informações restantes devem ser oferecidas pela instituição financeira e o cálculo pode variar conforme a modalidade do empréstimo. 

Créditos para aquisição de veículos e de cartão de crédito, diferentemente do exposto acima, costumam aplicar juros simples (Juros = C ∙ i ∙ t). Ou seja, basta multiplicar o valor emprestado pela taxa e prazo.

Para auxiliar o tomador a calcular juros do empréstimo, existem algumas ferramentas que podem ser utilizadas online e gratuitamente, como a Calculadora do Cidadão e simuladores disponíveis nos sites das instituições. 

Em algumas delas, o usuário pode inserir as informações que deseja, como total do empréstimo e número de parcelas, e conferir qual a média de juros.

Como visto anteriormente, existem alguns fatores que afetam a taxa de juros que podem guiar o tomador para a escolha de empréstimos mais baratos. Entenda melhor a seguir. 

Além do mais, no momento de escolher um empréstimo, é necessário levar em conta o Custo Efetivo Total, que engloba todos os custos envolvidos na operação de crédito. 

Empréstimo

Antes de saber como calcular juros de empréstimo, é preciso compreender o que exatamente significa este termo.

Empréstimo ou concessão de crédito é uma operação que pode ser realizada por pessoa física ou jurídica. Ambas funcionam da mesma forma: liberação de dinheiro para um terceiro com cobrança de juros.

No empréstimo para pessoa física, há maior variação em relação aos juros e prazo, a depender do acordo firmado entre as partes, mas em conformidade com as determinações estabelecidas em resoluções monetárias e no Código Civil.

Já no empréstimo para pessoa jurídica, voltado aos bancos e instituições financeiras cadastradas, esse valor pode se alterar de acordo com a modalidade, risco de inadimplência, os custos de operação e as políticas internas da instituição.

Na prática, o empréstimo é um produto ofertado por uma instituição financeira que pode estabelecer o valor do aluguel baseado em diferentes critérios conforme a categoria da concessão, prazo e outras variáveis.

Confira abaixo algumas informações que podem impactar o cálculo de juros de empréstimo para cada modalidade.

Tipos de empréstimos

Nomeamos de empréstimo toda operação financeira que tem como base a concessão de crédito de um tomador a um cliente, mediante o estabelecimento de algumas condições específicas. 

É exatamente neste ponto que podemos diferenciar os tipos de empréstimos

Empréstimo consignado

A primeira modalidade, e uma das mais atrativas do mercado, é o empréstimo consignado

Neste tipo de crédito, servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS e funcionários de empresas privadas podem contratar um valor e ter as parcelas debitadas automaticamente na folha de pagamento.

Leia mais: Quem pode fazer empréstimo consignado?

O valor é descontado na fonte, sem que o tomador precise se preocupar em efetuar transferências ou pagamentos, o que facilita a quitação do empréstimo e evita atrasos.

A principal vantagem deste modelo é o baixo risco de inadimplência. A garantia de pagamento torna o empréstimo mais barato aos consumidores, por meio das taxas de juros reduzidas.

Empréstimo FGTS

É voltada para aqueles que possuem saldo no FGTS. Com o valor, é possível realizar saques em determinadas situações previstas em lei, comprar imóvel ou contratar empréstimo pessoal.

Como a garantia é o FGTS, a operação também se torna menos arriscada para a instituição credora, com juros atrativos e dispensa de análise de crédito. 

Vale ressaltar que, dentro deste tipo de concessão, existem duas hipóteses:

  • Antecipação do saque-aniversário: quando o trabalhador opta por essa modalidade, ao invés da de rescisão, e faz o adiantamento das parcelas futuras. O pagamento do valor contratado é feito anualmente, com desconto direto da parcela no saldo do FGTS.
  • Empréstimo com garantia FGTS: o saldo do FGTS é usado como garantia à instituição credora, para uso em caso de falha de pagamento, e liberado assim que o valor total é quitado pelo tomador. 

Empréstimo entre pessoas físicas

Além do empréstimo entre instituições e tomadores, há também a possibilidade da transação entre duas pessoas físicas. Esta é uma opção recente, normatizada pela Resolução nº 4.656, de 26 de abril de 2018, do Banco Central do Brasil.

Nela, estão dispostas as determinações para o empréstimo a juros entre duas pessoas físicas, por intermédio de uma plataforma autorizada denominada Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP) ou Sociedade de Crédito Direto (SCD). 

Os cálculos de juros desta modalidade dependem do acordo entre as partes,  desde que não se caracterize cobrança abusiva. 

Por isso, as plataformas intermediadoras autorizadas devem auxiliar na negociação de taxas, custos e demais valores envolvidos na operação.

Empréstimo pessoal

O empréstimo pessoal é uma categoria ampla, com subcategorias como consignado. A diferença é que nesta modalidade não há garantia, motivo pelo qual os juros são mais elevados. 

E justamente por não ter garantia de pagamento, as instituições financeiras fazem análises de crédito mais robustas, com avaliação de score e consultas aos birôs de crédito.

Cabe ao banco estabelecer as taxas de juros, prazo máximo, além de exigências baseadas na política interna da instituição.

Empréstimo pessoal com garantia

Funciona de maneira muito semelhante ao consignado, em que ao invés da renda mensal, são bens como automóveis e imóveis que servem como garantia de pagamento.

Como todo crédito com garantia, as taxas de juros são menores. Mas em caso de falhas sucessivas na quitação das prestações, o devedor pode perder o bem acordado na contratação. 

Leia mais: Crédito com garantia de veículo: como solicitar no PicPay

Empréstimo via cheque especial

O empréstimo via cheque especial é vinculado a uma conta corrente. Basicamente, é um limite pré-aprovado que fica disponível para uso quando o saldo está zerado.

Por não ter garantia e ser de fácil acesso ao cliente, os custos da operação são extremamente elevados e o seu uso pode prejudicar a saúde financeira do tomador no longo prazo. 

Sem contar que, diferente de outros tipos de crédito, a forma de calcular juros de empréstimo via cheque especial é diária.

Esta modalidade possui uma das maiores variações de taxas de juros, indo de 2,32% a 15% ao mês. 

Rotativo do cartão de crédito

Chama-se de rotativo o valor pendente da fatura do cartão quando o cliente paga qualquer quantia abaixo do total.

O cálculo dos juros ocorre sobre o excedente do valor e pode ultrapassar a taxa de 20% ao mês, a depender da instituição.

Leia mais: Compare o juros rotativo com outras linhas de crédito

Como funciona o cálculo dos juros de empréstimos?

Como mencionado nos itens anteriores, a metodologia de como calcular juros de empréstimo depende da modalidade escolhida e outros fatores que podem variar segundo legislações, trocas de governos, política de crédito, entre outros. 

Até mesmo a maneira de incidência da taxa de juros pode ter resultados diferentes em cada operação, como a utilização de juros simples, composto ou real. Saiba mais:

Taxa de juros simples

A taxa de juros simples é aplicada sobre o capital inicial emprestado ou investido, sem a cobrança de juros sobre juros. Desse modo, o valor total dos juros é equivalente no primeiro, segundo, terceiro ano e assim por diante.  

Por exemplo, se o consumidor contratar um valor de R$20.000 mil por 4 anos, a uma taxa de 12% a.a., o valor total devolvido no final do contrato será 20.000 mais 2.400 X 4 = R$ 29.600,00. 

Vale ressaltar que nessa estratégia de como calcular juros de empréstimo estamos desconsiderando demais custos envolvidos na operação.

Taxa de juros composta

O método de como calcular juros de empréstimo considerando a taxa composta é um pouco mais complexo. Afinal, considera-se, além do valor inicial do investimento/empréstimo, o juro do período anterior.

Se usarmos o exemplo anterior, no primeiro ano do empréstimo o juro será de R$2.400. 

Para fazer o cálculo da taxa do empréstimo do segundo ano, será considerado R$22.400 (capital mais juros) e o juro neste ano será de R$2.688.

Nos próximos 4 anos, o juro totalizará R$11.470,38 e o valor final da dívida saltará para R$31.470,38.

Taxa de juros real

Trata-se da porcentagem de fato, com base na taxa de inflação do período analisado, muito utilizada para aferir os ganhos reais de um investimento.

O Banco Central ilustrou esta diferença utilizando a fórmula do juro real, considerando uma taxa nominal mensal de 10% e uma inflação de 2%, geram uma taxa real de aproximadamente 7,84% (1,10/1,02-1)*100.

Teto de juros

Vimos acima algumas estratégias de como calcular juros de empréstimo, mas é importante mencionar que a taxa é determinada pela instituição financeira credora, que levará em conta suas políticas internas e as regras da modalidade.

Isso quer dizer que o banco deve obedecer o limite de juros da operação, caso tenha. Em algumas modalidades, como o consignado e a antecipação do saque-aniversário, é estabelecido um teto para a taxa.

Atualmente, o teto do consignado para aposentados e pensionistas do INSS é de 1,72% ao mês. A dos servidores federais, por sua vez, é de 1,80% ao mês. Qualquer cobrança de juro acima disso é considerada irregular.

As modalidades que não possuem um teto são guiadas pelo mercado e estão sujeitas à legislação brasileira, que criminaliza juros abusivos, estabelecidos muito acima dos custos para cobrir o risco do empréstimo. 

Como calcular juros de empréstimo?

É possível calcular juros de empréstimo manualmente, ou até mesmo em planilhas do Excel, mas algumas dúvidas podem surgir pelo caminho. 

Para evitar falhas numéricas, o ideal é contar com ferramentas de automação que entreguem os valores. Veja abaixo algumas opções que podem auxiliar no cálculo dos juros do empréstimo.

Simulação virtual

Uma das melhores opções de como calcular juros de empréstimo é utilizando simuladores online. Eles estão disponíveis em plataformas oficiais de instituições financeiras autorizadas e intermediadoras, como o PicPay.

Caso opte por realizar diretamente no site do banco, o usuário terá os resultados referentes àquela instituição, bem como informações sobre  juros e custos exclusivos das operações oferecidas por ela. 

Calculadora do Cidadão

Outra opção é a calculadora de juros de empréstimo oferecida pelo Banco Central do Brasil, chamada de Calculadora do Cidadão. Com ela, é possível calcular rapidamente diferentes tipos de operações financeiras. 

Tais como:

  • Financiamento com prestações fixas;
  • Aplicação c​om depósitos regulares;
  • Valor futuro de capital e
  • Correção de valores.

Assim, o usuário pode consultar diversas informações, mas é preciso estar atento, pois ela não determina o valor específico de uma determinada instituição. Para esse cálculo o mais indicado é a simulação.

Pesquisa no Banco Central

O site do Banco Central possui informações relevantes sobre diversas operações financeiras. 

Nele, o usuário pode pesquisar instituições autorizadas a realizar empréstimo consignado, a média de juros do cartão de crédito rotativo ou a taxa exata que as instituições informaram para o consignado em um determinado período.

A estratégia de como calcular juros de empréstimo utilizada pelo Bacen consiste no uso da informação disponibilizada pela própria instituição financeira. 

Como foi possível notar, existem diferentes metodologias de como calcular juros de empréstimo, de modo que você possa escolher aquela que faz mais sentido para a sua realidade.

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