Lucro bruto e líquido: o que são e como calculá-los
Entenda as diferenças entre lucro bruto e líquido, além da importância de ambos para a saúde do seu negócio e dicas para calculá-los sem complicações
24 de maio de 2022 Atualizado em 18 de setembro de 2023
Qual é a diferença entre lucro bruto e lucro líquido? Mais do que saber isso, você precisa entender a importância do lucro para o funcionamento do seu negócio. Neste conteúdo, você vai aprender tudo sobre lucro, passando pelos seguintes pontos:
- O que é lucro bruto e como fazer o cálculo;
- O que é lucro líquido e como fazer o cálculo;
- Qual é a diferença entre lucratividade, rentabilidade e lucro;
- Por que o lucro é essencial para uma empresa;
- Como ter mais lucros no seu negócio;
- Quais são os regimes de tributação: lucro real e lucro presumido.
Lucro bruto: o que é?
Em resumo, o lucro bruto, também conhecido como lucro operacional bruto, é o resultado da conta do que a empresa obtém de receita, menos os gastos variáveis.
Por levar em conta os ganhos obtidos e os custos variáveis em um determinado período de tempo, o lucro bruto é um indicador que varia de acordo com o nível de produção, tendo em vista que as receitas e despesas podem aumentar ou diminuir.
Salvo exceções, como em casos de startups de crescimento muito acelerado, por exemplo, o ideal é sempre buscar que o resultado bruto seja positivo, pois ele indica que a balança entre faturamento e custos está valendo a pena.
Se o número for negativo, o prognóstico é preocupante: o negócio está dando prejuízo. Mais adiante, vamos abordar sobre como ter mais lucro.
Entre outros pontos, o lucro bruto é crucial para o cálculo da margem bruta, mas é apenas um dos vários parâmetros importantes para o funcionamento de um negócio. Por isso, ele deve ser analisado de forma conjunta com outros números.
Neste conteúdo, você ainda vai aprender a diferença entre lucro bruto e lucro líquido. Mas, antes, vamos te ensinar como calcular o lucro bruto e qual é a relação dele com a margem de lucro bruta.
Como calcular lucro bruto
Já antecipamos que o cálculo do lucro bruto se dá pela diferença entre o faturamento e os custos variáveis de uma empresa. Nesse sentido, a fórmula é simples:
O difícil, no caso, não é a conta, e sim identificar quais são os valores que devem constar em cada lugar. A receita é todo o dinheiro que o negócio recebe. Já as despesas variáveis podem alterar de acordo com cada segmento.
Basicamente, os custos variáveis são todas as despesas ligadas à produção e que variam segundo a quantidade produzida. Alguns exemplos de custos variáveis para cálculo do lucro bruto são:
- Matérias-primas;
- Remuneração extra de colaboradores por hora trabalhada;
- Gasto com transporte dos produtos;
- Qualquer outro custo que tenha variação pela quantidade produzida.
O que é lucro líquido?
Em complemento, o lucro líquido é a diferença positiva entre o que a empresa ganha e o que gasta, contando nesse caso tanto os custos variáveis quanto os fixos.
Enquanto o lucro bruto serve mais como um indicador de produtividade, o lucro líquido é o que o negócio realmente está ganhando ou perdendo em determinado período de tempo, após o pagamento de todas as despesas, incluindo impostos.
É importante lembrar que se o resultado for negativo, a empresa está dando prejuízo e algo precisa ser feito em relação a isso.
Cuidado para não confundir o cálculo do lucro líquido com o do capital de giro, que no caso é uma reserva necessária para a manutenção do funcionamento do negócio e é calculado levando em conta tudo que a empresa tem de bens, não apenas a receita.
Como calcular o lucro líquido
O cálculo do lucro líquido também é bem simples, como pode ser observado na fórmula abaixo:
Exemplos de custos variáveis já foram dados anteriormente. No caso dos custos fixos, é possível citar alguns mais comuns:
- Aluguel;
- Salário de funcionários;
- Materiais para o escritório;
- Todos os outros custos que são recorrentes e não variam de valor de acordo com o nível de produção.
Qual é a relação entre lucro, margem de contribuição e margem de lucro?
Agora que você já sabe qual é a diferença entre lucro líquido e lucro bruto, vamos explicar a importância de cada um para a análise da lucratividade e da rentabilidade de um negócio.
O lucro bruto é sinônimo de margem de contribuição, já que calculando a diferença entre a receita e os custos variáveis é possível chegar no valor disponível para o pagamento das despesas fixas.
A margem de contribuição também é muito importante para o processo de precificação de produtos.
Além disso, o lucro bruto está diretamente ligado ao cálculo da margem bruta, que serve para medir a vantagem competitiva de algum negócio. A margem de lucro bruta é calculada da seguinte maneira:
A margem bruta é um indicador de rentabilidade de uma empresa, pois é através dela que é possível ver quanto a empresa ganha com cada venda.
De forma individual ou conjunta, ela ajuda o empreendedor a traçar melhores estratégias para o negócio se tornar cada vez mais lucrativo, além de auxiliar no processo de precificação.
Já o lucro líquido é utilizado para o cálculo da margem de lucro líquida, também conhecida como Índice de Lucratividade.
A lucratividade é medida em uma porcentagem calculada entre o lucro líquido e a receita da empresa, como pode ser observado abaixo.
Esse índice é muito importante, pois é por meio dele que se torna possível observar o ganho possível de um negócio com base no trabalho que tem sido feito.
Por isso, a margem de lucro líquida também é essencial para o planejamento de estratégias mais eficazes para o negócio.
A margem de lucro ideal varia de acordo com a realidade de cada negócio. De maneira geral, com espaço para adaptações, o ideal é que ela varie entre 4% e 6% no ramo atacadista, entre 6% e 8% na indústria, entre 10% e 15% no comércio e acima de 20% no setor de serviços.
Qual é a importância do lucro?
Independentemente do tamanho do seu negócio, seja você dono de uma empresa pequena, média ou grande, ou até mesmo um Microempreendedor Individual (MEI), é essencial que os resultados financeiros sejam positivos.
No momento de fazer um plano de negócios ou de abrir um CNPJ, você precisa buscar maneiras tanto de ter prosperidade, fazendo o investimento ter retorno, quanto de conseguir mensurar isso.
Diversos empreendedores têm dificuldade de calcular se os esforços e recursos destinados ao negócio estão dando retorno. Por isso, é muito importante que você saiba da importância dos indicadores relacionados ao lucro bruto e líquido e como calculá-los.
De forma geral, esses parâmetros são cruciais para a medição da lucratividade de um negócio. Se uma empresa não está dando lucro, ela está fadada à falência, caso medidas não sejam tomadas.
Para além disso, a margem de lucro é um dos principais indicadores para a precificação de um produto ou serviço, como já falamos anteriormente. Mas por que isso é tão importante?
O preço de um produto ou serviço precisa ser balanceado para garantir que o negócio seja lucrativo, mas que tenha espaço no mercado.
Se um preço muito baixo pode causar prejuízo, um preço alto demais pode fazer com que o produto ou serviço não tenha vantagens competitivas no mercado, fazendo o negócio perder vendas.
Como melhorar o lucro
O lucro é um importante indicador para o seu negócio. Se a margem estiver abaixo do necessário ou até mesmo negativa, apontando um prejuízo, você precisa tomar atitudes para virar o jogo imediatamente.
De forma prática, você pode buscar alternativas para tentar aumentar a receita e diminuir os custos fixos e variáveis, como por exemplo buscar fornecedores com preços mais baixos, reduzir gastos desnecessários e até aumentar o preço dos produtos, sem perder a competitividade.
Além do mais, o Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, elaborou uma cartilha com dicas para a melhora da lucratividade de um negócio. Abaixo, vamos explicar melhor cada um dos pontos.
Faça uma previsão de vendas
Planejamento é tudo. Prevendo quanto o seu negócio pode gerar de receita, você tem um melhor controle sobre os seus gastos de produção. Por isso, faça uma gestão entre os setores de vendas e de compras.
Leia mais: Como fazer a melhor gestão de vendas para a sua empresa
Um exemplo são as empresas do setor de modas, que devem fazer essa previsão pelo menos semestralmente, considerando as estações: primavera/verão e outono/inverno.
Ajuste a previsão às possibilidades da empresa
Após essa previsão, é preciso analisar o que é possível ser feito de acordo com o que a empresa tem de caixa e com o capital de giro, que é o valor que o negócio tem disponível para fazer movimentações financeiras.
Lembre-se de que nesta etapa você tem apenas uma previsão de arrecadação, que pode não se concretizar. Portanto é necessário analisar a capacidade da empresa.
Decida o que vai ser comprado
Tendo em mãos a previsão de vendas e uma análise da capacidade da empresa, é possível fazer um plano de gastos mensais, levando em consideração a relação entre estoque e venda.
Elabore um orçamento para as compras previstas durante um período
Sobre a relação entre estoque e venda, você pode fazer um planejamento para saber se as compras precisam ser feitas todas de uma vez ou de forma separada, levando em conta a capacidade de armazenamento.
Caso o seu negócio seja de algum setor em que as mercadorias têm um prazo de validade, este plano de compras precisa considerar também as perdas, com base no estoque e na previsão de vendas por período.
Crie um orçamento de mercadorias por seção
Além de fazer um planejamento por período, caso o seu negócio envolva várias frentes, é importante que você faça um plano por seção.
Leia mais: 12 dicas de vendas para impulsionar seu negócio
Para isso, tenha a previsão de vendas e gastos de cada área e crie uma ordem de prioridade para cada uma, baseado no orçamento disponível e nas especificidades do negócio.
Efetive as compras e acompanhe os pedidos
Com tudo planejado, agora é a vez de efetivar as compras com os fornecedores. Esse processo precisa ser totalmente monitorado para garantir que os pedidos sejam concluídos da forma correta.
Em caso de médias e grandes empresas, é importante ter uma sinergia entre o setor de vendas, de compras e o financeiro para que o processo funcione. O seu negócio não pode perder vendas por falta de estoque.
Tenha controle da saúde financeira do seu negócio
Por fim, o mais importante para ter mais lucratividade em um negócio é ter total controle das finanças, sabendo o que entra e o que sai da empresa. O Sebrae possui um esquema para analisar os resultados mensais de um negócio:
RECEITA LÍQUIDA | RECEITA BRUTA – DEDUÇÃO DAS VENDAS |
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO | RECEITA LÍQUIDA – CUSTOS MERCADORIAS VENDIDAS (CMV) – OUTROS CUSTOSVARIÁVEIS |
RESULTADO OPERACIONAL | MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO – DESPESAS OPERACIONAIS |
RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS SOBRE LUCRO | RESULTADO OPERACIONAL (+/-) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO (+/-) OUTRAS RECEITAS E DESPESAS |
RESULTADO GERENCIAL DO PERÍODO | RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS SOBRE LUCRO – IMPOSTO SOBRE O LUCRO |
Regimes de tributação
Você entendeu a diferença entre lucro bruto e lucro líquido? Esperamos que sim. Além desse ponto, existe um outro contexto em que o lucro também é importante e pode gerar dúvidas: nos regimes de tributação, que determinam quais impostos uma empresa deve pagar e como.
Neste tópico, vamos falar sobre os três principais regimes de tributação no Brasil: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional.
Em resumo, os tipos de lucro em relação à apuração de impostos têm como maiores diferenças o limite de faturamento, a base de cálculo e as alíquotas.
A opção escolhida será determinante para qual será o cálculo sobre o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do negócio.
Nesse sentido, é importante que você entenda bem a diferença entre os três principais regimes de tramitação para selecionar o que melhor se enquadra ao seu negócio e não pagar impostos extras.
O que é lucro real?
O lucro real é um regime em que os tributos são calculados com base no lucro real da empresa, ou seja, na conta entre a receita e as despesas, como ensinamos acima no cálculo de lucro bruto e lucro líquido.
A principal vantagem deste enquadramento é o fato dele ser mais fiel às contas da empresa, levando em consideração momentos mais positivos ou negativos do negócio.
Entretanto, é importante que você tenha o controle e o registro de todas as receitas e despesas da empresa, para evitar qualquer tipo de problema.
Quais são os impostos para empresas de lucro real?
As empresas de lucro real precisam pagar impostos do IRPJ, CSLL, Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), além dos tributos municipais e estaduais. Aprenda como calcular lucro real:
- IRPJ: 15% sobre o lucro líquido somado a 10% do excedente;
- CSSL: de 9% a 12% sobre o lucro líquido, dependendo do segmento do negócio;
- PIS: 0,65% a 1,65% sobre o faturamento, dependendo do segmento do negócio;
- COFINS: 3% a 7,6% sobre o faturamento, dependendo do segmento do negócio.
Quais empresas podem aderir ao regime de lucro real?
Qualquer empresa, independentemente do porte, pode optar por usar o lucro real para cálculo dos impostos. Porém, algumas empresas são obrigadas a utilizar esse regime. São elas:
- Possuem receita bruta superior a R$ 78 milhões;
- Sejam instituições financeiras;
- Tenham lucro, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
- Recebam benefícios fiscais de isenção ou redução do imposto;
- Tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa no decorrer do ano-calendário.
O que é lucro presumido?
O lucro presumido é um regime de tributação mais simples do que o lucro real, pois em vez de ser calculado com base no que a empresa efetivamente lucrou durante um período, ele é contabilizado baseado em uma margem de lucro presumida para cada setor.
Nesse sentido, o cálculo é feito entre o faturamento do negócio e um percentual de presunção. A taxa para cada setor pode ser observada abaixo.
Quais são os impostos para empresas de lucro presumido?
Como antecipado, a tributação por lucro presumido segue uma tabela preestabelecida pela Receita Federal. Além disso, as empresas ainda precisam pagar o PIS, o COFINS e os impostos municipais e estaduais. Veja como calcular lucro presumido:
Atividade | IRPJ | CSLL |
Revenda de combustíveis derivados do petróleo, de álcool etílico carburante ou de gás natural | 1,6% | 12% |
Comércio e indústria | 8% | 12% |
Serviços de transporte de cargas | 8% | 12% |
Industrialização | 8% | 12% |
Construção civil de forma geral | 8% | 12% |
Serviços hospitalares, de auxílio diagnóstico e de terapia | 8% | 12% |
Serviços de transporte, sem ser de carga | 16% | 12% |
Serviços em geral que tenham receita inferior a R$ 120.000 | 16% | 32% |
Serviços prestados por empresas de profissões legalmente regulamentadas | 32% | 32% |
Administração, locação ou cessão de bens móveis ou imóveis e direitos de qualquer natureza | 32% | 32% |
Corretora de seguros, de imóveis, representantecomercial | 32% | 32% |
Compra e venda de veículos usados. equiparação a operações de consignação | 32% | 32% |
Mão de obra para construção civil | 32% | 32% |
Quais empresas podem aderir ao juros presumido?
Podem escolher o regime de juros presumido todas as empresas com faturamento inferior a R$ 78 milhões e que não se enquadram nos requisitos de obrigatoriedade de adesão ao lucro real.
O que é Simples Nacional?
Já o Simples Nacional é um regime criado em 2006 para simplificar a tributação de Microempresas (ME), Empresas de Pequeno Porte (EPP) e Microempreendedores Individuais (MEI).
Empresas que se enquadram no Simples Nacional podem fazer uma única declaração que vale para o recolhimento de todos os tributos previstos para o negócio, por meio da Declaração Anual de Faturamento do Simples Nacional (DASN – SIMEI). Os impostos que fazem parte são:
- Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), lembrando que quem é MEI não paga IRPJ;
- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
- Programa de Integração Social (PIS);
- Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
- Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
- Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
- Imposto sobre Serviços (ISS);
- Contribuição Patronal Previdenciária (CPP).
Quais são os impostos para empresas do Simples Nacional?
Os empreendedores que optarem pelo Simples Nacional devem se atentar para as alíquotas que variam de acordo com a área de atuação e com o tamanho do negócio.
No caso de empresas de comércio, as taxas variam entre 4% e 19%. Na indústria, as alíquotas vão de 4,5% a 30%. Já as empresas que oferecem serviços de instalação, de reparos e de manutenção, pagam impostos entre 6% e 33%.
As empresas que fornecem serviços de limpeza, vigilância, obras, construção de imóveis e advocacia têm alíquotas que variam entre 4,5% a 33%.
Por fim, no caso de empresas que fornecem serviço de auditoria, jornalismo, tecnologia, publicidade, engenharia, entre outros, as alíquotas estão entre 15,5% e 30,5%.
Quais empresas podem aderir ao Simples Nacional?
O principal quesito para adesão ao Simples Nacional é o enquadramento da empresa como Microempresa, Empresa de Pequeno Porte ou MEI. Para isso, o faturamento anual deve ser inferior a R$ 4,8 milhões. Além disso, o negócio precisa:
- Exercer alguma atividade autorizada pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE);
- Não ter pendências fiscais;
- Ter apenas pessoas físicas no quadro societário;
- Não participar do Capital Social de outros empreendimentos;
- Não possuir sócios que morem fora do Brasil ou que possuam faturamento superior a R$ 4,8 milhões, contando outras empresas.
Leia mais: Como calcular o Simples Nacional? Entenda passo a passo
Para saber qual é o melhor regime tributário para o seu negócio, você precisa ter em mente as informações descritas acima. Se ainda assim você tiver dúvidas, solicite a assistência de um contador.
Além de saber tudo lucro líquido e bruto e tipos de tributação, há diversos outros aspectos importantes para a prosperidade do seu negócio. Aprenda mais sobre gestão de empresas em nossa editoria Meu Negócio.