O IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador fundamental no universo econômico brasileiro. 

Em resumo, ele descreve a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pela população em geral, sendo utilizado como referência para medir a inflação no país.

Análise do IPCA de outubro de 2024

Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.

O IPCA de outubro registrou um avanço de 0,56%, pouco acima da nossa expectativa de 0,55%, marcando um aumento de 0,12 ponto percentual em relação ao mês anterior, que havia apresentado alta de 0,44%. No acumulado de 12 meses, o índice acelerou de 4,42% para 4,76%.

Qualitativamente, embora o resultado tenha vindo em linha com o esperado, há sinais claros de piora nas leituras mais recentes. Muitas das medidas subjacentes têm se estabilizado em níveis acima da meta. Além disso, as expectativas para a inflação futura continuam sendo um dos principais desafios.

Diante disso, do ponto de vista da política monetária, o Copom deve manter o ritmo e optar por uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião de dezembro, com viés de alta.

Dos nove grupos pesquisados, oito registraram alta. Habitação (1,49%) e Alimentação e Bebidas (1,06%) foram os que mais influenciaram o resultado.

No grupo Habitação, o maior impacto veio da energia elétrica residencial, que subiu 4,74% devido à mudança para a bandeira tarifária vermelha patamar 2.

No grupo Alimentação e Bebidas, o aumento foi impulsionado pelas carnes, que registraram alta de 5,81%. Esse foi o maior aumento mensal desde novembro de 2020, resultado da menor oferta de animais para abate, do clima seco, da rápida liquidação de fêmeas e do elevado volume de exportações.

Por outro lado, o grupo de Transportes registrou deflação (-0,38%), influenciado pela queda de 11,50% nas passagens aéreas e por recuos pontuais nos preços dos transportes públicos. Trem (-4,80%), metrô (-4,63%), ônibus urbano (-3,51%) e integração transporte público (-3,04%) também contribuíram para a deflação do grupo, devido às gratuidades durante as eleições municipais.

Olhando à frente, mantemos nossa projeção de 4,6% para 2024, estourando o teto da meta. Seguimos vendo uma assimetria altista no balanço de risco. Possíveis fatores de baixa incluem: (1) desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e (2) combate à inflação de forma sincronizada globalmente.

Em contrapartida, monitoramos (1) uma maior resiliência na inflação de serviços em função de um hiato do produto mais apertado; (2) desancoragem das expectativas em um contexto de percepção de risco fiscal; e (3) desvalorização da moeda.

O que é IPCA?

O IPCA é uma ferramenta essencial para entender a saúde da economia do país. Ele influencia diretamente a política monetária do Banco Central, pois é utilizado como referência para estabelecer metas de inflação. 

O controle da inflação é vital para garantir a estabilidade econômica, afetando juros, investimentos e o poder de compra da população.

Além disso, o IPCA serve para diversas finalidades, como, por exemplo:

Política Monetária: O Banco Central utiliza o IPCA como um dos principais indicadores para definir metas de inflação e tomar decisões sobre a taxa básica de juros (Selic)

Reajustes contratuais: Muitos contratos, como aluguéis, empréstimos e alguns salários, são corrigidos com base no IPCA. Ele serve como referência para ajustar valores de acordo com a variação dos preços, mantendo o equilíbrio nos contratos ao longo do tempo.

Investimentos e planejamento financeiro: Investidores e empresas utilizam as informações do IPCA para avaliar retornos de investimentos e planejar estratégias financeiras, levando em consideração a inflação para preservar o valor do capital.

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Ou seja, o IPCA desempenha um papel crucial na economia brasileira, oferecendo insights valiosos sobre a inflação e seu impacto na vida das pessoas e nas decisões econômicas do país.

Como é calculado o IPCA?

O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que coleta dados de preços de uma ampla gama de itens consumidos pelas famílias brasileiras. 

Esse levantamento ocorre em várias regiões metropolitanas do país e considera produtos e serviços em diversas categorias, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros.

A fórmula para o cálculo do IPCA envolve uma média ponderada dos preços desses itens, dando maior peso àqueles que têm maior impacto no orçamento das famílias. 

Esse índice é atualizado mensalmente e divulgado pelo IBGE, permitindo análises sobre a evolução dos preços ao longo do tempo.

Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:

Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.

IPCA acumulado 2024

Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 4,42%. Confira abaixo o valor de cada mês.

MêsIPCA
Setembro de 20240,44%
Agosto de 2024-0,02%
Julho de 20240,38%
Junho de 20240,21%
Maio de 20240,46%
Abril de 20240,38%
Março de 20240,16%
Fevereiro de 20240,83%
Janeiro de 20240,42%
Dezembro de 20230,47%
Novembro de 20230,28%
Outubro de 20230,24%
Setembro de 20230,26%
Agosto de 20230,23%
Julho de 20230,12%
Junho de 2023-0,08%
Maio de 20230,23%
Abril de 20230,61%
Março de 20230,71%
Fevereiro de 20230,84%
Janeiro de 20230,53%
Dezembro de 20220,62%

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