O IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador fundamental no universo econômico brasileiro. 

Em resumo, ele descreve a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pela população em geral, sendo utilizado como referência para medir a inflação no país.

Análise do IPCA de julho de 2025

Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Abaixo da nossa expectativa (0,32%) e da expectativa do mercado (0,36%), o IPCA avançou 0,26% em julho. No acumulado em 12 meses, a inflação passou de 5,35% para 5,23%. Qualitativamente, o resultado foi misto, mas melhor do que o esperado. Com exceção dos serviços (0,59%), todas as demais medidas vieram melhores do que nossas projeções. No entanto, como os serviços subjacentes (0,49%) representam uma das principais métricas qualitativas, o resultado deve ser interpretado com cautela. Mantemos a avaliação de que ainda é necessária uma política monetária restritiva, com a Selic permanecendo em 15% até o final do ano.

Dos nove grupos analisados, seis registraram variações positivas em julho, com os maiores impactos vindo de Habitação (0,91%) e Despesas Pessoais (0,76%). No grupo Habitação, o destaque foi a energia elétrica residencial, que subiu 3,04%, influenciada pela bandeira tarifária vermelha patamar 1. Já no grupo Despesas Pessoais, a principal pressão veio dos jogos de azar, que registraram alta expressiva de 11,17%. Na sequência, Transportes (0,35%) e Saúde e cuidados pessoais (0,45%) também contribuíram significativamente, influenciados pelas passagens aéreas (19,92%) e pelos itens de higiene pessoal (0,98%), respectivamente.

Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas, o de maior peso no índice, apresentou a segunda queda consecutiva, com recuo de 0,27%. A principal contribuição veio da alimentação no domicílio, que teve deflação de 0,69%, puxada pelas quedas nos preços da batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%). Além disso, nossa principal surpresa, o grupo de Vestuário recuou 0,54% devido à queda nos preços das roupas femininas (-0,98%) e masculina (-0,87%). Por fim, o grupo de Comunicação registrou queda de 0,09% no mês.

Olhando à frente, mantemos nossa projeção de inflação para 2025 em 5,1%. Por ora, seguimos observando um balanço de riscos equilibrado, com efeitos líquidos desinflacionários da guerra tarifária. O câmbio permanece relativamente comportado e as expectativas vêm melhorando persistentemente. Além disso, os dados correntes indicam uma dinâmica mais positiva. Apesar disso, o quadro permanece significativamente pressionado. Seguimos atentos às pressões altistas, associadas à desancoragem das expectativas, à manutenção de um hiato do produto positivo e à eventual depreciação do real em um cenário de maior percepção de risco fiscal e/ou geopolítico.

O que é IPCA?

O IPCA é uma ferramenta essencial para entender a saúde da economia do país. Ele influencia diretamente a política monetária do Banco Central, pois é utilizado como referência para estabelecer metas de inflação. 

O controle da inflação é vital para garantir a estabilidade econômica, afetando juros, investimentos e o poder de compra da população.

Além disso, o IPCA serve para diversas finalidades, como, por exemplo:

Política Monetária: O Banco Central utiliza o IPCA como um dos principais indicadores para definir metas de inflação e tomar decisões sobre a taxa básica de juros (Selic)

Reajustes contratuais: Muitos contratos, como aluguéis, empréstimos e alguns salários, são corrigidos com base no IPCA. Ele serve como referência para ajustar valores de acordo com a variação dos preços, mantendo o equilíbrio nos contratos ao longo do tempo.

Investimentos e planejamento financeiro: Investidores e empresas utilizam as informações do IPCA para avaliar retornos de investimentos e planejar estratégias financeiras, levando em consideração a inflação para preservar o valor do capital.

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Ou seja, o IPCA desempenha um papel crucial na economia brasileira, oferecendo insights valiosos sobre a inflação e seu impacto na vida das pessoas e nas decisões econômicas do país.

Como é calculado o IPCA?

O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que coleta dados de preços de uma ampla gama de itens consumidos pelas famílias brasileiras. 

Esse levantamento ocorre em várias regiões metropolitanas do país e considera produtos e serviços em diversas categorias, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros.

A fórmula para o cálculo do IPCA envolve uma média ponderada dos preços desses itens, dando maior peso àqueles que têm maior impacto no orçamento das famílias. 

Esse índice é atualizado mensalmente e divulgado pelo IBGE, permitindo análises sobre a evolução dos preços ao longo do tempo.

Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:

Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.

IPCA acumulado 2025

Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 5,23%. Confira abaixo o valor de cada mês.

MêsIPCA
Julho de 20250,26%
Junho de 20250,24%
Maio de 20250,26%
Abril de 20250,43%
Março de 20250,56%
Fevereiro de 20251,31%
Janeiro de 20250,16%
Dezembro de 20240,52%
Novembro de 20240,39%
Setembro de 20240,44%
Agosto de 2024-0,02%
Julho de 20240,38%

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