O IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador fundamental no universo econômico brasileiro.
Em resumo, ele descreve a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pela população em geral, sendo utilizado como referência para medir a inflação no país.
Análise do IPCA de maio de 2025
Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.
O IPCA de maio avançou 0,26%, resultado abaixo da expectativa do mercado, que era de 0,32%. No acumulado em 12 meses, após um período de aceleração, a inflação desacelerou de 5,53% para 5,32%. Qualitativamente, o resultado foi melhor do que o esperado, ainda que os desafios persistam. Apesar da estabilidade na margem, as principais métricas de núcleo permanecem elevadas, girando em torno de 6%, considerando a média dos últimos três meses, em termos anualizados e dessazonalizados.
Dos nove grupos analisados, sete registraram variações positivas em maio. Os maiores impactos vieram dos grupos Habitação (1,19%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,54%). No caso de Habitação, o destaque foi a energia elétrica residencial (3,62%), influenciada pela ativação da bandeira tarifária amarela, que adicionou R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. A tarifa de água e esgoto também contribuiu para o avanço do grupo, com alta de 0,77%. Já em Saúde, a principal pressão veio dos produtos farmacêuticos, que subiram 0,69%, refletindo o fim do período de autorização para reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos.
Por outro lado, os grupos Transportes (-0,37%) e Artigos de Residência (-0,27%) apresentaram queda no mês. A principal contribuição negativa veio das passagens aéreas, com recuo de 11,31%, além dos combustíveis, que caíram 0,72%. Destaca-se ainda a desaceleração do grupo Alimentação e Bebidas, cuja variação passou de 0,82% em abril para 0,17% em maio.
Olhando à frente, revisamos nossa projeção de inflação para 2025 de 5,6% para 5,3%. Apesar de ainda vermos uma assimetria altista, a continuidade da melhora no balanço de riscos — especialmente do câmbio —, aliada a preços administrados menores, motivou essa revisão. Entre os principais riscos de alta, monitoramos: (i) desancoragem das expectativas de inflação; (ii) persistência inflacionária nos serviços, impulsionada por um hiato do produto ainda positivo; e (iii) desvalorização do real em um ambiente de deterioração fiscal. Por outro lado, destacamos como fatores de baixa: (i) um cenário global menos favorável à atividade econômica, reflexo de choques no comércio internacional; e (ii) preços das commodities.
O que é IPCA?
O IPCA é uma ferramenta essencial para entender a saúde da economia do país. Ele influencia diretamente a política monetária do Banco Central, pois é utilizado como referência para estabelecer metas de inflação.
O controle da inflação é vital para garantir a estabilidade econômica, afetando juros, investimentos e o poder de compra da população.
Além disso, o IPCA serve para diversas finalidades, como, por exemplo:
Política Monetária: O Banco Central utiliza o IPCA como um dos principais indicadores para definir metas de inflação e tomar decisões sobre a taxa básica de juros (Selic).
Reajustes contratuais: Muitos contratos, como aluguéis, empréstimos e alguns salários, são corrigidos com base no IPCA. Ele serve como referência para ajustar valores de acordo com a variação dos preços, mantendo o equilíbrio nos contratos ao longo do tempo.
Investimentos e planejamento financeiro: Investidores e empresas utilizam as informações do IPCA para avaliar retornos de investimentos e planejar estratégias financeiras, levando em consideração a inflação para preservar o valor do capital.
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Ou seja, o IPCA desempenha um papel crucial na economia brasileira, oferecendo insights valiosos sobre a inflação e seu impacto na vida das pessoas e nas decisões econômicas do país.
Como é calculado o IPCA?
O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que coleta dados de preços de uma ampla gama de itens consumidos pelas famílias brasileiras.
Esse levantamento ocorre em várias regiões metropolitanas do país e considera produtos e serviços em diversas categorias, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros.
A fórmula para o cálculo do IPCA envolve uma média ponderada dos preços desses itens, dando maior peso àqueles que têm maior impacto no orçamento das famílias.
Esse índice é atualizado mensalmente e divulgado pelo IBGE, permitindo análises sobre a evolução dos preços ao longo do tempo.
Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:
Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.
IPCA acumulado 2025
Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 5,32%. Confira abaixo o valor de cada mês.
Mês | IPCA |
Maio de 2025 | 0,26% |
Abril de 2025 | 0,43% |
Março de 2025 | 0,56% |
Fevereiro de 2025 | 1,31% |
Janeiro de 2025 | 0,16% |
Dezembro de 2024 | 0,52% |
Novembro de 2024 | 0,39% |
Setembro de 2024 | 0,44% |
Agosto de 2024 | -0,02% |
Julho de 2024 | 0,38% |
Junho de 2024 | 0,21% |
Maio de 2024 | 0,46% |
Abril de 2024 | 0,38% |
Março de 2024 | 0,16% |
Fevereiro de 2024 | 0,83% |
Janeiro de 2024 | 0,42% |
Dezembro de 2023 | 0,47% |
Novembro de 2023 | 0,28% |
Outubro de 2023 | 0,24% |
Setembro de 2023 | 0,26% |
Agosto de 2023 | 0,23% |
Julho de 2023 | 0,12% |
Junho de 2023 | -0,08% |
Maio de 2023 | 0,23% |
Abril de 2023 | 0,61% |
Março de 2023 | 0,71% |
Fevereiro de 2023 | 0,84% |
Janeiro de 2023 | 0,53% |
Dezembro de 2022 | 0,62% |
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