O IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador fundamental no universo econômico brasileiro. 

Em resumo, ele descreve a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pela população em geral, sendo utilizado como referência para medir a inflação no país.

Análise do IPCA de fevereiro de 2025

Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.

O IPCA de fevereiro avançou 1,31%, ligeiramente abaixo da nossa projeção de 1,32%, registrando a maior alta para o mês desde 2003. No acumulado em 12 meses, a inflação acelerou de 4,56% para 5,06%, atingindo o que provavelmente serão os menores patamares do ano. A partir de março, a tendência é que a inflação se consolide acima de 5,4%. Qualitativamente, apesar de algum alívio marginal na maioria dos núcleos, o resultado foi preocupante, embora dentro do esperado. A principal surpresa negativa veio dos serviços mais pressionados. Esse cenário, somado às expectativas desancoradas, reforça a necessidade de uma política monetária mais rígida. Diante disso, mantemos nossa projeção de que o Copom elevará a Selic para 15%, nível que deve ser mantido até o fim do ano.

Dos nove grupos analisados, oito registraram alta, com os maiores impactos vindos de Habitação (4,44%) e Educação (4,70%). No grupo de moradia, o destaque foi a energia elétrica residencial, que avançou 16,80% devido à devolução do bônus de Itaipu. Em Educação, a alta sazonal da volta às aulas impulsionou os cursos regulares, que subiram 5,69%. Outros movimentos relevantes incluíram o aumento de 0,79% na alimentação no domicílio e de 2,89% nos preços dos combustíveis, reflexo do reajuste no ICMS. Por outro lado, Vestuário foi o único grupo que permaneceu estável, sem variação (0%).

Olhando à frente, nossa projeção para inflação em 2025 é de 5,6%. Seguimos vendo uma assimetria altista no balanço de risco. Possíveis fatores de baixa incluem: (1) desaceleração da atividade econômica global mais acentuada e (2) combate à inflação de forma sincronizada globalmente. Em contrapartida, monitoramos (1) uma maior resiliência na inflação de serviços em função de um hiato do produto apertado; (2) desancoragem das expectativas em um contexto de percepção de risco fiscal; e (3) desvalorização da moeda.

O que é IPCA?

O IPCA é uma ferramenta essencial para entender a saúde da economia do país. Ele influencia diretamente a política monetária do Banco Central, pois é utilizado como referência para estabelecer metas de inflação. 

O controle da inflação é vital para garantir a estabilidade econômica, afetando juros, investimentos e o poder de compra da população.

Além disso, o IPCA serve para diversas finalidades, como, por exemplo:

Política Monetária: O Banco Central utiliza o IPCA como um dos principais indicadores para definir metas de inflação e tomar decisões sobre a taxa básica de juros (Selic)

Reajustes contratuais: Muitos contratos, como aluguéis, empréstimos e alguns salários, são corrigidos com base no IPCA. Ele serve como referência para ajustar valores de acordo com a variação dos preços, mantendo o equilíbrio nos contratos ao longo do tempo.

Investimentos e planejamento financeiro: Investidores e empresas utilizam as informações do IPCA para avaliar retornos de investimentos e planejar estratégias financeiras, levando em consideração a inflação para preservar o valor do capital.

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Ou seja, o IPCA desempenha um papel crucial na economia brasileira, oferecendo insights valiosos sobre a inflação e seu impacto na vida das pessoas e nas decisões econômicas do país.

Como é calculado o IPCA?

O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que coleta dados de preços de uma ampla gama de itens consumidos pelas famílias brasileiras. 

Esse levantamento ocorre em várias regiões metropolitanas do país e considera produtos e serviços em diversas categorias, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros.

A fórmula para o cálculo do IPCA envolve uma média ponderada dos preços desses itens, dando maior peso àqueles que têm maior impacto no orçamento das famílias. 

Esse índice é atualizado mensalmente e divulgado pelo IBGE, permitindo análises sobre a evolução dos preços ao longo do tempo.

Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:

Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.

IPCA acumulado 2024

Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 4,56%. Confira abaixo o valor de cada mês.

MêsIPCA
Janeiro de 20250,16%
Dezembro de 20240,52%
Novembro de 20240,39%
Setembro de 20240,44%
Agosto de 2024-0,02%
Julho de 20240,38%
Junho de 20240,21%
Maio de 20240,46%
Abril de 20240,38%
Março de 20240,16%
Fevereiro de 20240,83%
Janeiro de 20240,42%
Dezembro de 20230,47%
Novembro de 20230,28%
Outubro de 20230,24%
Setembro de 20230,26%
Agosto de 20230,23%
Julho de 20230,12%
Junho de 2023-0,08%
Maio de 20230,23%
Abril de 20230,61%
Março de 20230,71%
Fevereiro de 20230,84%
Janeiro de 20230,53%
Dezembro de 20220,62%

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