O IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador fundamental no universo econômico brasileiro.
Em resumo, ele descreve a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pela população em geral, sendo utilizado como referência para medir a inflação no país.
Análise do IPCA de abril de 2025
Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.
O IPCA de abril avançou 0,43%, ligeiramente acima da nossa projeção de 0,42%. No acumulado em 12 meses, a inflação segue em trajetória de alta, alcançando 5,53%. Qualitativamente, o resultado foi desfavorável. A média dos últimos três meses (dessazonalizada e anualizada) do EX3, que agrega os serviços e industriais subjacentes, avançou para quase 6,5%. Do ponto de vista da política monetária, a verdadeira questão parece estar nos próximos dados. Considerando esse quadro inflacionário preocupante, somado à nossa expectativa de manutenção da resiliência da atividade econômica no primeiro semestre e à possível retomada do fortalecimento do dólar, mantemos a previsão de alta de 25 pontos-base na próxima reunião, com a Selic encerrando 2025 em 15%. Embora não projetemos cortes de juros neste ano, destacamos que a probabilidade desse cenário tem aumentado.
Dos nove grupos analisados, oito apresentaram variação positiva em abril. Os maiores impactos partiram dos grupos Alimentação e Bebidas (0,82%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,18%). No caso da alimentação, o aumento foi puxado principalmente pela alimentação no domicílio (0,83%), mas surpreendeu a alta expressiva da alimentação fora do domicílio. Já no grupo de saúde, os principais vetores de alta foram os produtos farmacêuticos (1,04%), influenciados pelo recente reajuste autorizado de até 5,09% nos preços dos medicamentos, e os itens de higiene pessoal (1,51%). Também merecem destaque os grupos Vestuário (1,02%) e Despesas Pessoais (0,54%). Por outro lado, o grupo Transportes (-0,38%) foi o único a apresentar queda no mês. A principal contribuição negativa veio das passagens aéreas, que recuaram 14,15%, além dos combustíveis, que registraram queda de 0,45%.
Nossa projeção para a inflação em 2025 é de 5,6%. Apesar de reconhecermos uma melhora no balanço de riscos, seguimos vendo uma assimetria altista. Entre os fatores de baixa, ressaltamos: (i) um ambiente global menos propenso à atividade, reflexo de choques no comércio internacional; e (ii) uma redução nos preços das commodities. Por outro lado, monitoramos riscos de alta, como: (i) desancoragem das expectativas de inflação; (ii) uma inflação de serviços mais persistente, impulsionada pelo hiato do produto positivo; e (iii) desvalorização da moeda em um contexto de percepção fiscal.
O que é IPCA?
O IPCA é uma ferramenta essencial para entender a saúde da economia do país. Ele influencia diretamente a política monetária do Banco Central, pois é utilizado como referência para estabelecer metas de inflação.
O controle da inflação é vital para garantir a estabilidade econômica, afetando juros, investimentos e o poder de compra da população.
Além disso, o IPCA serve para diversas finalidades, como, por exemplo:
Política Monetária: O Banco Central utiliza o IPCA como um dos principais indicadores para definir metas de inflação e tomar decisões sobre a taxa básica de juros (Selic).
Reajustes contratuais: Muitos contratos, como aluguéis, empréstimos e alguns salários, são corrigidos com base no IPCA. Ele serve como referência para ajustar valores de acordo com a variação dos preços, mantendo o equilíbrio nos contratos ao longo do tempo.
Investimentos e planejamento financeiro: Investidores e empresas utilizam as informações do IPCA para avaliar retornos de investimentos e planejar estratégias financeiras, levando em consideração a inflação para preservar o valor do capital.
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Ou seja, o IPCA desempenha um papel crucial na economia brasileira, oferecendo insights valiosos sobre a inflação e seu impacto na vida das pessoas e nas decisões econômicas do país.
Como é calculado o IPCA?
O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que coleta dados de preços de uma ampla gama de itens consumidos pelas famílias brasileiras.
Esse levantamento ocorre em várias regiões metropolitanas do país e considera produtos e serviços em diversas categorias, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros.
A fórmula para o cálculo do IPCA envolve uma média ponderada dos preços desses itens, dando maior peso àqueles que têm maior impacto no orçamento das famílias.
Esse índice é atualizado mensalmente e divulgado pelo IBGE, permitindo análises sobre a evolução dos preços ao longo do tempo.
Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:
Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.
IPCA acumulado 2024
Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 4,56%. Confira abaixo o valor de cada mês.
Mês | IPCA |
Abril de 2025 | 0,43% |
Março de 2025 | 0,56% |
Fevereiro de 2025 | 1,31% |
Janeiro de 2025 | 0,16% |
Dezembro de 2024 | 0,52% |
Novembro de 2024 | 0,39% |
Setembro de 2024 | 0,44% |
Agosto de 2024 | -0,02% |
Julho de 2024 | 0,38% |
Junho de 2024 | 0,21% |
Maio de 2024 | 0,46% |
Abril de 2024 | 0,38% |
Março de 2024 | 0,16% |
Fevereiro de 2024 | 0,83% |
Janeiro de 2024 | 0,42% |
Dezembro de 2023 | 0,47% |
Novembro de 2023 | 0,28% |
Outubro de 2023 | 0,24% |
Setembro de 2023 | 0,26% |
Agosto de 2023 | 0,23% |
Julho de 2023 | 0,12% |
Junho de 2023 | -0,08% |
Maio de 2023 | 0,23% |
Abril de 2023 | 0,61% |
Março de 2023 | 0,71% |
Fevereiro de 2023 | 0,84% |
Janeiro de 2023 | 0,53% |
Dezembro de 2022 | 0,62% |
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