O IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador fundamental no universo econômico brasileiro.
Em resumo, ele descreve a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pela população em geral, sendo utilizado como referência para medir a inflação no país.
Análise do IPCA de outubro de 2025
Por Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.
O IPCA de outubro registrou alta de 0,09%, abaixo da nossa projeção de 0,13%. No acumulado em 12 meses, a inflação desacelerou de 4,77% para 4,68%, interrompendo a sequência de aceleração observada desde julho. O resultado foi melhor do que o esperado e reforça o movimento de desinflação gradual, com alívio disseminado entre os principais grupos e surpresas baixistas em alimentos e habitação.
Do ponto de vista qualitativo, o dado reforça um cenário mais benigno para o curto prazo. A saída do bônus de Itaipu, que poderia ter pressionado a energia elétrica, acabou sendo compensada pela redução da bandeira tarifária, resultando em queda de 2,39% na energia residencial e impacto negativo de aproximadamente 0,10 p.p. no índice geral. Além disso, o comportamento dos alimentos foi mais favorável do que o projetado, mesmo diante da alta em commodities agrícolas no mercado internacional.
Setorialmente, seis dos nove grupos do IPCA registraram alta em outubro, com destaque para Saúde e cuidados pessoais (0,41%), impulsionado por higiene pessoal e planos de saúde, Despesas pessoais (0,45%), refletindo reajustes em pacotes turísticos e serviços domésticos, Vestuário (0,51%), em razão de ajustes sazonais em calçados e roupas, e Transportes (0,11%), puxado por combustíveis e passagens aéreas. Em contrapartida, Habitação (-0,30%) recuou devido à queda de 2,39% na energia elétrica, e Artigos de residência (-0,34%) mostraram retração com menor demanda por eletrodomésticos, enquanto Alimentação e bebidas (+0,01%) ficaram praticamente estáveis, com deflação nos alimentos no domicílio compensando altas pontuais em itens in natura.
O resultado de outubro confirma um processo de desinflação mais consistente, com surpresas baixistas concentradas em bens e administrados. A difusão se manteve em 52% e as medidas de núcleo de inflação mostraram novo arrefecimento, o que reduz a probabilidade de repiques no curto prazo. A melhora do balanço de riscos reflete a estabilidade do câmbio, o recuo das commodities energéticas e a menor pressão de serviços após meses de resiliência. A leitura também sugere que a inflação de bens industriais segue contida, beneficiada por um ambiente global de preços mais baixos e recomposição de estoques.
Diante do resultado, mantemos viés baixista para o IPCA de 2025 e revisamos nossa projeção de 4,9% para 4,6% no ano, com expectativa de que a inflação continue convergindo de forma gradual à meta, sustentada por efeitos defasados da política monetária, estabilidade cambial e comportamento mais benigno dos alimentos.
O que é IPCA?
O IPCA é uma ferramenta essencial para entender a saúde da economia do país. Ele influencia diretamente a política monetária do Banco Central, pois é utilizado como referência para estabelecer metas de inflação.
O controle da inflação é vital para garantir a estabilidade econômica, afetando juros, investimentos e o poder de compra da população.
Além disso, o IPCA serve para diversas finalidades, como, por exemplo:
Política Monetária: O Banco Central utiliza o IPCA como um dos principais indicadores para definir metas de inflação e tomar decisões sobre a taxa básica de juros (Selic).
Reajustes contratuais: Muitos contratos, como aluguéis, empréstimos e alguns salários, são corrigidos com base no IPCA. Ele serve como referência para ajustar valores de acordo com a variação dos preços, mantendo o equilíbrio nos contratos ao longo do tempo.
Investimentos e planejamento financeiro: Investidores e empresas utilizam as informações do IPCA para avaliar retornos de investimentos e planejar estratégias financeiras, levando em consideração a inflação para preservar o valor do capital.
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Ou seja, o IPCA desempenha um papel crucial na economia brasileira, oferecendo insights valiosos sobre a inflação e seu impacto na vida das pessoas e nas decisões econômicas do país.
Como é calculado o IPCA?
O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que coleta dados de preços de uma ampla gama de itens consumidos pelas famílias brasileiras.
Esse levantamento ocorre em várias regiões metropolitanas do país e considera produtos e serviços em diversas categorias, como alimentação, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros.
A fórmula para o cálculo do IPCA envolve uma média ponderada dos preços desses itens, dando maior peso àqueles que têm maior impacto no orçamento das famílias.
Esse índice é atualizado mensalmente e divulgado pelo IBGE, permitindo análises sobre a evolução dos preços ao longo do tempo.
Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:
Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.
IPCA acumulado 2025
Atualmente, o IPCA acumulado em 12 meses está em 4,68%. Confira abaixo o valor de cada mês.
| Mês | IPCA |
| Outubro de 2025 | 0,09% |
| Setembro de 2025 | 0,48% |
| Agosto de 2025 | -0,11% |
| Julho de 2025 | 0,26% |
| Junho de 2025 | 0,24% |
| Maio de 2025 | 0,26% |
| Abril de 2025 | 0,43% |
| Março de 2025 | 0,56% |
| Fevereiro de 2025 | 1,31% |
| Janeiro de 2025 | 0,16% |
| Dezembro de 2024 | 0,52% |
| Novembro de 2024 | 0,39% |
| Outubro de 2024 | 0,56% |
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