O que é PIB e qual sua relação com o crescimento econômico?
Entenda o que é PIB, como é calculado, sua relação com o crescimento da economia brasileira e os principais impactos no seu dia a dia
9 de maio de 2022 Atualizado em 7 de março de 2023
Você já deve ter ouvido falar dele. É comum ouvirmos por aí as notícias sobre o PIB do Brasil, que normalmente está relacionado ao crescimento do país. Mas o que é PIB? Como ele é calculado, o que significa e por que importa para o seu dia a dia?
São algumas das respostas que você vai encontrar neste conteúdo, mas nada de complicações ou termos técnicos. Tudo bem simples para acabar de vez com esse mistério.
O que é PIB?
Se você quer saber o que significa a sigla PIB, a resposta é Produto Interno Bruto. No entanto, isso explica pouco sobre o que de fato o PIB representa, certo?
O que é o Produto Interno Bruto, então? É a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade em um determinado período, que pode ser em um trimestre ou ano, por exemplo.
Calcular o PIB é algo comum em todos os países, e a conta é feita na moeda de cada um. Mais abaixo vamos explicar como o cálculo do PIB é realizado.
Como o PIB está relacionado com o crescimento econômico?
O PIB é considerado a principal forma de medir o crescimento econômico de uma região ou país. Quanto maior é o PIB, maior é a economia daquele local, o que indica que mais pessoas investem e consomem nele. Um PIB maior também indica uma renda maior da população.
Aqui, é importante explicar o que é PIB per capita: é a divisão do PIB pelo número de habitantes do país ou região em questão. Ele mede quanto do PIB caberia a cada um se todos recebessem partes iguais.
O PIB per capita também é importante para calcular o desenvolvimento econômico (que é diferente de crescimento econômico!), porque, quanto maior o PIB por pessoa, a tendência é que a qualidade de vida aumente, porque há mais acesso a serviços de qualidade e boas condições de moradia e alimentação, por exemplo.
Mas apenas o PIB per capita não considera outras medidas de desenvolvimento econômico, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ou seja, ele deve ser considerado em conjunto com outros fatores para uma análise mais profunda de um país.
Para que serve o PIB?
De volta ao PIB, ele está relacionado ao crescimento econômico porque permite diversas análises. As principais são:
- Comparar o desempenho do PIB ano a ano;
- Comparar as economias de diversos países;
- Analisar o PIB per capita, como você viu acima.
No entanto, o PIB é apenas um indicador que funciona como termômetro da economia. Ele ajuda a entender o desempenho econômico, mas não considera fatores como distribuição de renda, qualidade de vida, educação e saúde.
Como vamos ver mais abaixo, é possível encontrar exemplos de países com um PIB pequeno, mas com alto padrão de vida da população. O contrário também acontece.
Outro equívoco comum é achar que o PIB representa a riqueza de um país, como se fosse um valor a que se pode recorrer como uma espécie de “poupança” em casos de emergência.
Não funciona assim. Como você vai conferir mais para frente, quando falarmos sobre o cálculo do PIB, ele é um indicador de fluxo de novos bens e serviços produzidos em um período. Se nada for produzido, o PIB do local será nulo.
Qual a diferença entre PIB e Tesouro Nacional?
O PIB, diferentemente do Tesouro Nacional, não é o melhor indicador para calcular a riqueza de um país.
A melhor forma de calcular a riqueza de um país é o próprio Tesouro Nacional, que funciona como um caixa do governo. O Tesouro recebe o dinheiro que é arrecadado por meio de impostos pela Receita Federal, além de outras instituições, e faz a gestão dos recursos.
Essa gestão feita pelo Tesouro tem como objetivo cumprir os gastos que o governo planeja para um período específico, em áreas como saúde e educação, e que estão previstos no orçamento público.
Como calcular o PIB?
No Brasil, o PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Agora que você sabe o que é PIB, pode estar se questionando o que significa ele ser resultado da soma de todos os bens e serviços finais produzidos.
É simples: o PIB mede bens e serviços finais para não contar a mesma coisa mais de uma vez. Olha só o exemplo do próprio IBGE para explicar:
Isso significa que não são considerados os chamados itens e bens “primários e intermediários” (antes de se chegar ao produto final) para que não seja feita uma contagem dupla.
Para saber como calcular o PIB, o IBGE considera o preço que chega ao consumidor pelos bens e serviços finais que compõem o cálculo. Ou seja, impostos sobre os produtos comercializados também entram na conta.
É considerado no cálculo | Não é considerado no cálculo |
Bens e produtos finais (vendidos ao consumidor final); | Bens intermediários (produtos utilizados na produção de um produto final, ou seja, as matérias-primas); |
Serviços (atividades remuneradas); | Serviços não remunerados; |
Investimentos (gastos de empresas privadas ou do governo com o objetivo de aumentar a produção); | Bens que já existem (uma casa só é levada em consideração quando construída. Quando ela é revendida, não entra no cálculo); |
Gastos do governo (o que é gasto para atender as demandas populacionais). | Atividades informais. |
Qual a diferença entre PIB real e PIB nominal?
Para analisar o desempenho do PIB ao longo de um período, é importante diferenciar PIB real e PIB nominal. A principal diferença entre o PIB real e o PIB nominal é o preço levado em conta na hora do cálculo.
O PIB nominal considera os preços correntes dos produtos e serviços que compõem o PIB, ou seja, o valor deles no ano em que foram produzidos e comercializados.
Já o PIB real faz o cálculo a partir de preços constantes. É definido um ano-base para calcular o PIB, e assim não se considera o efeito da inflação.
Leia mais: O que é inflação? Veja dicas para reduzir o impacto no bolso
Qual a relação entre PIB e inflação?
Essa distinção entre PIB real e PIB nominal é feita porque é importante entender qual foi o crescimento do país sem considerar a inflação, como faz o PIB real. A inflação nada mais é do que um aumento generalizado de preços.
Ou seja, se as coisas produzidas e vendidas estão mais caras, o PIB será maior, o que pode dar a ilusão de que a economia cresceu. Mas não é a realidade.
Essa é a relação entre PIB e inflação: se os preços sobem com a inflação, o PIB também vai crescer. No entanto, isso não significa que o país produziu mais naquele período.
A alta do dólar influencia no PIB?
A alta do dólar impacta a nossa vida cotidiana e também pode influenciar o PIB. Isso acontece especialmente pelo papel que a moeda norte-americana tem sobre a inflação.
Quando o dólar sobe, ele pressiona a inflação a subir também, porque o Brasil depende de matérias-primas importadas para diversas finalidades. Com a moeda mais cara, esses insumos também se tornam mais caros.
Dessa forma, a inflação mais alta também influencia o PIB, como você viu acima.
Como a taxa de juros influencia o PIB?
Da mesma forma que a inflação e o dólar podem influenciar o PIB, a taxa de juros também pode impactar a economia.
Já explicamos o que é Selic, a taxa básica de juros da economia, e como ela influencia o seu dia a dia. De forma resumida, os juros sobem quando o Banco Central busca controlar a inflação.
Esse controle é feito, entre outros fatores, porque a taxa de juros mais alta desestimula as pessoas a consumirem e a investirem no país. Com isso, a demanda por produtos e serviços cai, e os preços tendem a diminuir.
Com isso, a alta da Selic tem um efeito gradual de desaquecer a economia e, portanto, pode “segurar” o crescimento do PIB.
O que provoca o crescimento do PIB?
Agora que você já sabe o que é PIB, certamente entende que ele leva em conta o que é produzido e comercializado no país. Portanto, para que o PIB cresça, é preciso que mais bens e serviços girem na economia.
Para isso acontecer, as indústrias e empresas devem produzir em maior quantidade. E isso será feito quando elas perceberem que a demanda subiu, ou seja, os consumidores estão produzindo mais.
O consumo das famílias é responsável por cerca de 80% do PIB brasileiro, junto com os investimentos privados.
Além do aumento da demanda, outros fatores influenciam o crescimento do PIB, como os investimentos que o governo faz. A administração federal pode investir em educação, novas obras de infraestrutura e tecnologia, por exemplo. Isso gera empregos.
Com mais empregos, as pessoas têm mais renda (ou seja, dinheiro) para comprar e investir.
Além disso, os investimentos do governo também podem incentivar as empresas brasileiras, que se tornam mais competitivas e conseguem exportar mais. Se as exportações crescem e superam as importações (aquilo que o país compra de fora), isso favorece a balança comercial, que justamente é a relação entre as exportações e importações. E isso, por sua vez, impulsiona o crescimento do PIB.
Esses são alguns exemplos, mas todos os cenários têm prós e contras. Por exemplo, se há um aquecimento muito grande da economia e a demanda cresce muito, isso pode gerar um aumento de preços, porque há mais pessoas buscando os mesmos produtos.
A inflação, por sua vez, pode comprometer o cenário de crescimento da economia, como vimos acima. É por isso que a relação entre o crescimento do PIB e uma crise é sensível e envolve riscos.
O PIB influencia os investimentos?
Sim, pode influenciar. Quando o PIB está em tendência de crescimento, em geral investimentos no setor produtivo (como na própria indústria, por exemplo a construção civil) costumam ter rendimentos mais interessantes do que a renda fixa. Um exemplo disso é a bolsa de valores.
Mas aqui cabe um ponto de atenção: se o cenário for de crescimento do PIB e também da inflação, pode não ser bem assim. Isso porque, para conter a inflação, os juros tendem a subir, o que pode devolver a relevância a investimentos na renda fixa, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), e prejudicar a renda variável, como ações.
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Ah, vale lembrar: o PIB é só um dos fatores da economia que podem influenciar os investimentos. Os indicadores devem sempre ser considerados dentro de um contexto maior, beleza?
Qual é o PIB do Brasil?
E quanto é, afinal, o PIB do Brasil? Em 2022, o PIB brasileiro foi de R$ 9,9 trilhões, 2,9% maior do que em 2021.
Mais uma vez, o crescimento foi puxado sobretudo pelo setor de serviços, que representa cerca de 70% do PIB do país e tem se recuperado após a pandemia, quando foi um dos mais afetados.
E como tem sido a evolução do PIB brasileiro recentemente? Para traçar o cenário dos últimos anos, é preciso voltar a 2015. Naquele ano, o PIB brasileiro havia caído 3,8% em relação ao ano anterior. Já em 2016, houve uma nova queda, de 3,6%.
Dois anos seguidos de recuo do PIB do Brasil só haviam sido registrados antes entre 1930 e 1931. Mas, mesmo naquele período, a queda observada foi menor do que em 2015 e 2016.
Ou seja, há alguns anos o Brasil enfrentava a pior crise econômica da sua história. O país começou a se recuperar em 2017, mas ainda assim viu um crescimento pequeno. Em 2017, o PIB cresceu 1,3%; em 2018, avançou 1,8%; e, em 2019, subiu 1,2%.
O crescimento, no entanto, foi atravessado por um problema que afetou a economia mundial como um todo: a pandemia do coronavírus. Em 2020, o PIB voltou a cair e registrou um tombo histórico, de 3,9%.
Já em 2021, o Brasil entrou no que se chama de “recessão técnica”, que acontece quando o PIB recua em dois trimestres seguidos.
A recessão técnica foi confirmada quando houve a divulgação do PIB do terceiro trimestre de 2021, período em que o indicador caiu 0,1% em relação ao segundo trimestre. E no próprio segundo trimestre o PIB havia recuado 0,4%.
A boa notícia é que, no último trimestre do ano, o PIB voltou a crescer e o país deixou a recessão técnica. A alta foi de 0,5% no quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior.
Confira abaixo a variação do PIB real brasileiro nos últimos dez anos.
Ano | Variação do PIB |
2022 | 2,9% |
2021 | 4,6% |
2020 | -3,9% |
2019 | 1,2% |
2018 | 1,8% |
2017 | 1,3% |
2016 | -3,3% |
2015 | -3,5% |
2014 | 0,5% |
2013 | 3,0% |
2012 | 1,9% |
PIB dos estados brasileiros
Um fator fundamental no cálculo do PIB é a participação de cada estado do país. Veja na tabela abaixo qual é o PIB dos estados brasileiros.
Estado | PIB em 2019 (R$ 1.000.000) |
Acre | 15.630 |
Alagoas | 58.964 |
Amapá | 17.497 |
Amazonas | 108.181 |
Bahia | 293.241 |
Ceará | 163.575 |
Distrito Federal | 273.614 |
Espírito Santo | 137.346 |
Goiás | 208.672 |
Maranhão | 97.340 |
Mato Grosso | 142.122 |
Mato Grosso do Sul | 106.943 |
Minas Gerais | 651.873 |
Pará | 466.377 |
Paraíba | 67.986 |
Paraná | 178.377 |
Pernambunco | 197.853 |
Piauí | 52.781 |
Rio de Janeiro | 779.928 |
Rio Grande do Norte | 71.337 |
Rio Grande do Sul | 482.464 |
Rondônia | 47.091 |
Roraima | 14.292 |
Santa Catarina | 323.264 |
São Paulo | 44.689 |
Sergipe | 2.348.338 |
Tocantins | 39.356 |
Quais são os maiores PIBs do mundo?
Qual é a posição do PIB do Brasil em relação aos outros países? Um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, que aponta o ranking das maiores economias do mundo, aponta que o Brasil é o 12º colocado.
Entre 2010 e 2014, no mesmo levantamento, o Brasil ficou na 7ª posição. Já em 2019, o país apareceu como a 9ª maior economia do mundo.
Desde 2020, o país não aparece mais no top 10, ultrapassado por Canadá, Coreia e Rússia no ranking das maiores economias do mundo.
O ranking da Austin Rating faz o comparativo das maiores economias do mundo desde 1994. O levantamento considera o PIB dos países em valores correntes, em dólares.
As maiores economias do mundo, segundo a lista mais recente, são Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido. Confira o top 10 dos maiores PIBs abaixo.
- EUA
- China
- Japão
- Alemanha
- Reino Unido
- Índia
- França
- Itália
- Canadá
- Coreia do Sul
Para quem tem curiosidade sobre qual é o PIB dos EUA, em 2022 ele cresceu 2,1%, para um nível de US$ 25,46 trilhões de dólares.
Já o PIB da China, segunda maior economia do mundo no ranking, cresceu 3% em 2022, ultrapassando a marca de 121 trilhões de yuans e chegando a US$ 17,9 trilhões de dólares.
Nesse texto você aprendeu sobre o que é PIB. Quer saber mais sobre outros indicadores que são importantes para o seu dia a dia? Acesse nossa seção de conteúdos sobre educação financeira!