Investimento em renda fixa tem risco?
Será que deixar o dinheiro na renda fixa tem risco? Entenda mais sobre esses tipos de investimentos e se eles são realmente seguros
13 de abril de 2023
Quem investiu no Tesouro Prefixado 2026 em 23 de abril de 2021 e decidiu conferir um ano depois quanto o dinheiro rendeu, quase caiu para trás. Depois de um ano este investimento teve uma queda de 4,98%! Como assim?! Pois é, renda fixa tem risco.
Quem está nesta situação não precisa se desesperar. Se deixar o dinheiro investido até o vencimento, vai receber a taxa contratada na hora da compra.
Mas a situação é um exemplo de que é preciso conhecer mais sobre os investimentos em que você coloca a sua grana para se sentir seguro e tomar decisões melhores.
Para explicar melhor quais são os riscos que envolvem as aplicações em renda fixa, vamos entender primeiro como ela funciona, beleza? Em seguida, você confere tudo que precisa saber sobre esse tipo de investimento.
O que é renda fixa?
O que é aplicação de renda fixa, afinal? Para facilitar, pense na renda fixa como um empréstimo. Nesse tipo de investimento, é você que vai emprestar o dinheiro para um banco ou para o governo.
O diferencial é que você já sabe as regras de rendimento antes de aplicar. É daí vem o nome: renda fixa.
Esse tipo de aplicação é diferente, por exemplo, do investimento em criptomoedas ou ações, em que os ganhos vão depender das oscilações do mercado.
Como funciona a renda fixa?
Para entender como funciona a renda fixa, o professor de finanças da ESPM-SP, Igor Jordano, explica que o investidor, ao comprar um título de dívida de uma empresa ou do próprio governo, por exemplo, acaba ganhando uma porcentagem por esse “empréstimo”.
Na renda fixa, existem dois tipos de rendimentos que você pode escolher de acordo com seus objetivos. São eles: os prefixados e os pós-fixados.
Títulos prefixados
Nos títulos prefixados, o investidor já sabe qual será o retorno financeiro da aplicação.
Segundo o professor de economia e coordenador do Ibmec, Gustavo Moreira, “é como se você assinasse um contrato e a instituição já te falasse quanto você vai ganhar depois.”
Títulos pós-fixados
Já nos pós-fixados, não é possível saber a remuneração final e o rendimento varia de acordo com um indexador.
Existem basicamente duas opções: os indexados à taxa de juros e os indexados à inflação.
Leia mais: O que é inflação? Veja como reduzir o impacto no bolso
A primeira está relacionada à taxa Selic, como é chamada a taxa básica de juros do Brasil, e segundo o professor de economia do Insper, Ricardo Rocha, “é uma modalidade melhor para quem quer ter maior liquidez”.
A segunda, está atrelada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que de acordo com Rocha, é uma opção mais vantajosa para “quem vai investir de três anos para cima, uma vez que tem que se preocupar com a inflação.”
Vantagens da renda fixa
E quais as vantagens da renda fixa, então? O risco é menor que em investimentos em renda variável, que sofrem mais oscilações.
Além disso, a renda fixa tem algumas garantias, como o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege um capital de até R$ 250 mil. Isso faz com que seja a opção preferida dos investidores com perfil mais conservador.
Se quiser saber mais sobre esse assunto, falamos sobre os perfis de investidores no nosso conteúdo sobre como investir com segurança. Vale a pena conferir as dicas!
Tipos de investimentos de renda fixa
Um exemplo de renda fixa é a poupança, mas existem vários outros, como Tesouro Direto e Debêntures. Vamos entender melhor como funciona cada um deles?
Poupança
Quem escolhe esse tipo de investimento está “emprestando” o dinheiro para o banco e esse dinheiro é usado no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), para linhas de crédito habitacional.
É uma opção tradicional e acessível, com rendimento mensal e sem taxa de administração ou Imposto de Renda, mas será que é a melhor?
Na verdade, não. Nos Cofrinhos do PicPay, seu dinheiro rende cerca de 30% mais do que na poupança, com liquidez diária. Entenda quanto rende seu dinheiro no PicPay.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto permite que investidores pessoa física comprem títulos públicos, ou seja, nessa aplicação o investidor empresta dinheiro para o governo.
Não existe só um tipo de título, os mais populares são os prefixados, pós-fixados indexados ao IPCA, que é o principal índice de inflação do país, e pós-fixados indexados à taxa Selic.
CDBs
No CDB, o investidor empresta dinheiro para o banco e, por sua vez, o banco empresta esse dinheiro para outra instituição financeira.
A taxa de rendimento do CDB está atrelada à variação de um índice, geralmente ao CDI, que é a taxa de empréstimos entre bancos e acompanha de perto a variação da taxa Selic.
Leia mais: CDB PicPay: Como é o rendimento automático na conta do app?
Debêntures
As debêntures são títulos privados, ou seja, nessa aplicação o investidor empresta dinheiro para uma empresa particular. Nesse tipo de investimento, você aplica o dinheiro em uma companhia e recebe juros por isso.
LCIs e LCAs
LCI é a sigla para Letras de Crédito Imobiliário, como o próprio nome já diz, são aplicações financeiras relacionadas ao mercado imobiliário.
Já LCA significa Letra de Crédito do Agronegócio e é um investimento atrelado ao agro brasileiro.
CRI e CRA
CRI e CRA são parecidos com o LCI e o LCA, já que também são aplicações no ramo imobiliário e agronômico.
A principal diferença é que o CRI e o CRA não são assegurados pelo FGC e o órgão emissor são as securitizadoras.
Então investir em renda fixa tem risco?
O exemplo que demos no começo deste conteúdo, de um título de renda fixa que caiu quase 5% em um ano, representa apenas um dos riscos da renda fixa.
Quem compra um título prefixado durante um período em que a taxa básica de juros está subindo pode ver o investimento se desvalorizar se decidir resgatar antes do prazo de vencimento.
No caso do Tesouro Prefixado, o título sempre tem o valor de R$ 1 mil no vencimento. E na hora de investir, esse valor é descontado pela taxa de juros contratada para o vencimento.
Então, quanto maior a taxa de juros, maior vai ser o desconto. Foi exatamente o que aconteceu com aquele Tesouro Prefixado. Em abril de 2021, a taxa de juros estava na faixa dos 8% ao ano e, em 2024, já está em 11,25% ao ano.
Apesar de ter riscos, os investimentos em renda fixa são considerados mais seguros do que outros tipos de investimentos e dão maior previsão de qual será o rendimento, o que junto com os juros historicamente altos no Brasil, os tornam os preferidos dos brasileiros.
4 principais riscos para considerar antes de investir em renda fixa
O professor do Insper, Ricardo Rocha, lembra que “não existe almoço de graça”. Ou seja, todo investimento tem algum tipo de risco.
Por exemplo, no caso da rentabilidade prefixada, a taxa de juros pode subir e o investidor pode deixar de ganhar dinheiro.
Outra possibilidade é o banco ou empresa emissores falirem. Nesse caso, o FGC, que mencionamos ali em cima, garante um seguro de até R$ 250 mil ao cliente, mas se você tiver um valor maior investido terá prejuízo.
“Você está protegido, de certa forma, do risco do emissor, mas contra a queda ou alta dos juros não tem seguro”, afirma o professor.
Abaixo, listamos os principais riscos dos investimentos de renda fixa;
Crédito
Existe a possibilidade de o emissor não conseguir devolver o dinheiro investido. Isso acontece, por exemplo, quando a instituição quebra e vai à falência.
É nesses casos que o FGC atua. Por isso, os títulos públicos são mais seguros, uma vez que o emissor é o próprio governo.
Taxa de juros
Nesse caso, os ativos relacionados à Selic são os mais expostos ao risco da taxa de juros, já que a porcentagem da taxa impacta diretamente no rendimento.
Sendo assim, se a taxa de juros mudar ao longo do prazo do investimento, o investidor pode ter uma rentabilidade menor do que o esperado.
Inflação
Segundo o professor Igor Jordano, “se o investidor está em uma nação instável, em época de eleição, que é um evento que sempre mexe com os fundamentos econômicos do país, ou em tempo de guerra, o mercado vai oscilar.”
A dica do professor é: se quiser se proteger da inflação, invista em ativos pós-fixados indexados à inflação. Nos títulos prefixados, o risco é ter inflação acima do esperado e o dinheiro não render.
Liquidez
Nesse caso, Jordano explica que a liquidez é como um carro que você quer vender. Se é um carro popular e todo mundo quer comprar, é um cenário favorável.
Agora, se é um veículo ruim de venda, o proprietário vai encontrar dificuldades. O mesmo acontece com os investimentos: tem opções que são pouco negociadas e difícil de converter o papel em dinheiro vivo sem perder valor.
E aí, gostou das dicas? Então confira outros conteúdos para planejar melhor as suas finanças!