PNAD Contínua em agosto de 2024: análise dos dados de desemprego
Aprenda o que é e como funciona a PNAD Contínua e confira a análise da taxa de desemprego pelo time de economistas do PicPay
27 de setembro de 2024
Você já ouviu falar sobre a PNAD Contínua? A pesquisa é fundamental para fornecer dados sobre a situação socioeconômica do país, como a taxa de desemprego no Brasil.
Quer saber mais sobre o tema? Confira o nosso conteúdo completo e veja a análise do desemprego no Brasil feita pelo time de economistas do PicPay.
Análise do desemprego pela PNAD Contínua de agosto de 2024
Por Igor Cadilhac, economista do PicPay
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) superaram nossas expectativas, mostrando que a taxa de desemprego recuou de 6,8% para 6,6% no trimestre móvel encerrado em agosto.
Ao analisarmos os dados dessazonalizados, observamos um declínio de 6,7% para 6,6% em nossos cálculos.
Esse resultado reforça a sequência de sinais positivos no mercado de trabalho brasileiro, que, segundo nossas estimativas, atingiu o menor nível dessazonalizado de toda a série histórica, incluindo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
Qualitativamente, o quadro da taxa de participação avançou de 62,1% para 62,3% e o nível de ocupação de 57,9% para 58,1%. Com isso, o número total de trabalhadores do Brasil bateu novo recorde, chegando a 102,5 milhões.
Essa é justamente a configuração que se espera de um mercado de trabalho robusto e saudável.
Por outro lado, vale destacar que seguimos analisando a saída de pessoas da força de trabalho e seus impactos, principalmente via: i) o aumento da proporção de idosos na composição etária; e ii) as transferências governamentais de renda.
Além disso, a taxa de informalidade subiu de 38,7% para 38,8%.
Olhando para os salários, os rendimentos voltaram a se estabilizar em patamar elevado. Aqui, ainda é importante destacar dois pontos: i) durante a pandemia, muitos trabalhadores não tiveram um reajuste salarial condizente e; ii) o bom comportamento dos preços contribui para uma correção acima da inflação.
Sendo assim, esse cenário, em conjunto com o desemprego baixo, tem contribuído para uma massa de rendimentos que segue próximo do recorde.
Pensando agora nas suas implicações para a dinâmica inflacionária, esse hiato do produto apertado traz alguma preocupação, sobretudo com a nova regra do salário-mínimo.
De modo geral, a leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte e com uma composição saudável, recuperando suas características intrínsecas, que agora estão com um desemprego estrutural mais baixo.
Olhando à frente, esperamos que ele continue aquecido e resista nesse patamar historicamente baixo por mais um bom tempo. Para 2024, projetamos uma taxa média de desemprego de 7,1%, terminando o ano em 6,6%.
O que é PNAD Contínua?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) é uma investigação estatística realizada pelo IBGE, cujo objetivo principal é oferecer uma visão abrangente e contínua da realidade socioeconômica do Brasil.
Ela é considerada uma das principais fontes de informações sobre a população e o mercado de trabalho no país.
Diferentemente da PNAD tradicional, que é realizada de forma pontual em períodos específicos do ano, a PNAD Contínua é conduzida de maneira contínua, ou seja, todos os meses são realizadas coletas de dados.
Isso possibilita uma análise mais dinâmica e atualizada das condições socioeconômicas do país.
Os indicadores mensais são construídos a partir dos dados dos últimos três meses consecutivos da pesquisa. Isso implica que, ao avançar de um trimestre móvel para o próximo, há uma sobreposição de informações de dois meses entre os períodos.
Logo, os indicadores mensais da PNAD Contínua não espelham a situação de cada mês isoladamente, mas sim a conjuntura do trimestre móvel que se encerra a cada período mensal de divulgação.
A PNAD Contínua é uma pesquisa amostral, ou seja, não entrevista toda a população, mas sim uma amostra representativa dela. Essa abordagem permite mostrar um retrato de todo o país com um nível aceitável de confiança estatística.
A pesquisa abrange áreas urbanas e rurais, utilizando uma amostra representativa da população brasileira.
A metodologia aplicada busca identificar informações detalhadas sobre emprego, renda, educação, condições de moradia, acesso a serviços básicos, entre outros aspectos relevantes para compreender a dinâmica social do Brasil.
Quais são os dados da PNAD Contínua?
1. Emprego e Desemprego
A pesquisa acompanha de perto a situação do mercado de trabalho, fornecendo dados sobre a taxa de desocupação, população ocupada, trabalhadores informais, entre outros indicadores importantes para avaliar a dinâmica do emprego no país.
2. Renda e Condições Socioeconômicas
Além do mercado de trabalho, a PNAD Contínua analisa a distribuição de renda, condições de vida, acesso a serviços básicos como educação, saúde, saneamento básico, entre outros.
3. Demografia e Migração
Aspectos demográficos, como estrutura etária da população, migração interna, concentração urbana, também são contemplados na pesquisa.
Importância da PNAD Contínua
A PNAD Contínua desempenha um papel fundamental em várias esferas, como, por exemplo:
Formulação de políticas públicas: Os dados coletados permitem que governos, instituições e organizações não governamentais tenham subsídios para elaborar políticas públicas e estratégias voltadas para o desenvolvimento social e econômico do país.
Análise de tendências sociais e econômicas: Os dados da PNAD Contínua são utilizados por pesquisadores, acadêmicos e analistas para compreender e analisar tendências sociais, desigualdades e mudanças na dinâmica socioeconômica brasileira.
Tomada de decisões empresariais: Empresas e investidores utilizam essas informações para análises de mercado, planejamento estratégico e tomada de decisões relacionadas à contratação de mão de obra e investimentos.
Esse é o seu caso? Então conheça o podcast Diário Econômico, que traz todos os dias pela manhã as principais informações que afetam os mercados, com análise do economista-chefe do PicPay, Marco Caruso.
Como é calculada a taxa de desemprego no Brasil?
O desemprego é um dos indicadores-chave para avaliar a saúde econômica de um país e o bem-estar de sua população.
Como falamos acima, a PNAD Contínua fornece informações detalhadas sobre o mercado de trabalho, incluindo taxas de desemprego, ocupação, informalidade e outras variáveis relevantes.
Segundo as diretrizes do IBGE, o conceito de desemprego vai além da ausência de um emprego formal. A pesquisa considera desempregada a pessoa em idade ativa (acima de 14 anos) que está disponível para trabalhar e em busca de uma ocupação.
No entanto, é crucial compreender que existem situações em que a ausência de um emprego não se enquadra no critério de desemprego. Por exemplo:
- Um estudante universitário que dedica seu tempo exclusivamente aos estudos;
- Uma dona de casa que não exerce atividades remuneradas fora de casa;
- Uma empreendedora que administra seu próprio negócio.
Conforme a metodologia adotada pela PNAD Contínua, o estudante e a dona de casa são considerados fora da força de trabalho, enquanto a empreendedora é classificada como pessoa ocupada.
Além disso, o recebimento de benefícios de programas sociais, como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), ou seguro desemprego, não determina diretamente a situação de ocupação ou desocupação.
Esses beneficiários podem ser classificados como parte da força de trabalho (como ocupados ou desocupados) ou fora dela.
Qual é a taxa de desemprego no Brasil hoje?
De acordo com a última PNAD Contínua, a taxa de desemprego subiu para 7,9% no trimestre encerrado em março de 2024.
Trimestre | Taxa de desemprego |
Junho, julho e agosto | 6,6% |
Maio, junho e julho | 6,8% |
Abril, maio e junho | 6,9% |
Março, abril e maio de 2024 | 7,1% |
Fevereiro, março e abril de 2024 | 7,5% |
Janeiro, fevereiro e março de 2024 | 7,9% |
Dezembro de 2023 e janeiro e fevereiro de 2024 | 7,8% |
Novembro e dezembro de 2023, e janeiro de 2024 | 7,6% |
Outubro, novembro e dezembro de 2023 | 7,4% |
Setembro, outubro e novembro de 2023 | 7,5% |
Agosto, setembro e outubro de 2023 | 7,6% |
Julho, agosto e setembro de 2023 | 7,7% |
Junho, julho e agosto de 2023 | 7,8% |
Maio, junho e julho de 2023 | 7,9% |
Abril, maio e junho de 2023 | 8,0% |
Março, abril e maio de 2023 | 8,3% |
Fevereiro, março e abril de 2023 | 8,5% |
Janeiro, fevereiro e março de 2023 | 8,8% |
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