Você já ouviu falar sobre a PNAD Contínua? A pesquisa é fundamental para fornecer dados sobre a situação socioeconômica do país, como a taxa de desemprego no Brasil.

Quer saber mais sobre o tema? Confira o nosso conteúdo completo e veja a análise do desemprego no Brasil feita pelo time de economistas do PicPay.

Análise do desemprego pela PNAD Contínua de fevereiro de 2025

Por Igor Cadilhac, economista do PicPay

Em linha com as nossas expectativas, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostraram um aumento na taxa de desemprego, que passou de 6,5% para 6,8% no trimestre móvel encerrado em fevereiro. Ao analisarmos os números dessazonalizados, com base em nossos cálculos, observamos uma estabilização em 6,6%. Esse resultado confirma nossa previsão de um primeiro trimestre aquecido para o mercado de trabalho brasileiro, que segue muito próximo do menor nível dessazonalizado de toda a série histórica, incluindo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

Qualitativamente, a dinâmica foi mista. Tanto a taxa de participação quanto o nível de ocupação apresentaram retração, passando de 62,3% para 62,2% e de 58,2% para 58%, respectivamente. Por outro lado, considerando o expressivo número de vagas formais criadas no período, o número de trabalhadores com carteira assinada atingiu um recorde, e a taxa de informalidade registrou sua quarta queda consecutiva, diminuindo de 38,3% para 38,1%.

No que se refere aos salários, o rendimento médio real, que desconta os efeitos da inflação, atingiu um novo pico histórico, alcançando R$ 3.378. Esse cenário, combinado à baixa taxa de desemprego, resultou em uma massa salarial de R$ 342 bilhões, também um recorde. Considerando as implicações desse quadro para a inflação, o hiato do produto positivo levanta preocupações, especialmente diante da nova regra do salário-mínimo, que entrou em vigor em fevereiro.

Em resumo, a leitura qualitativa do indicador sugere que o mercado de trabalho continua robusto, embora sinais de deterioração na composição já comecem a surgir. Para os próximos meses, esperamos uma desaceleração gradual, especialmente a partir do segundo trimestre. Ainda assim, o mercado de trabalho deve permanecer aquecido e pressionando a inflação por um período prolongado. Para 2025, projetamos uma taxa média de desemprego de 7,2%, encerrando o ano em 7,3%.

O que é PNAD Contínua?

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) é uma investigação estatística realizada pelo IBGE, cujo objetivo principal é oferecer uma visão abrangente e contínua da realidade socioeconômica do Brasil.

Ela é considerada uma das principais fontes de informações sobre a população e o mercado de trabalho no país.

Diferentemente da PNAD tradicional, que é realizada de forma pontual em períodos específicos do ano, a PNAD Contínua é conduzida de maneira contínua, ou seja, todos os meses são realizadas coletas de dados. 

Isso possibilita uma análise mais dinâmica e atualizada das condições socioeconômicas do país.

Os indicadores mensais são construídos a partir dos dados dos últimos três meses consecutivos da pesquisa. Isso implica que, ao avançar de um trimestre móvel para o próximo, há uma sobreposição de informações de dois meses entre os períodos. 

Logo, os indicadores mensais da PNAD Contínua não espelham a situação de cada mês isoladamente, mas sim a conjuntura do trimestre móvel que se encerra a cada período mensal de divulgação.

A PNAD Contínua é uma pesquisa amostral, ou seja, não entrevista toda a população, mas sim uma amostra representativa dela. Essa abordagem permite mostrar um retrato de todo o país com um nível aceitável de confiança estatística.

A pesquisa abrange áreas urbanas e rurais, utilizando uma amostra representativa da população brasileira. 

A metodologia aplicada busca identificar informações detalhadas sobre emprego, renda, educação, condições de moradia, acesso a serviços básicos, entre outros aspectos relevantes para compreender a dinâmica social do Brasil.

Quais são os dados da PNAD Contínua?

1. Emprego e Desemprego

A pesquisa acompanha de perto a situação do mercado de trabalho, fornecendo dados sobre a taxa de desocupação, população ocupada, trabalhadores informais, entre outros indicadores importantes para avaliar a dinâmica do emprego no país.

2. Renda e Condições Socioeconômicas

Além do mercado de trabalho, a PNAD Contínua analisa a distribuição de renda, condições de vida, acesso a serviços básicos como educação, saúde, saneamento básico, entre outros.

3. Demografia e Migração 

Aspectos demográficos, como estrutura etária da população, migração interna, concentração urbana, também são contemplados na pesquisa.

Importância da PNAD Contínua

A PNAD Contínua desempenha um papel fundamental em várias esferas, como, por exemplo:

Formulação de políticas públicas: Os dados coletados permitem que governos, instituições e organizações não governamentais tenham subsídios para elaborar políticas públicas e estratégias voltadas para o desenvolvimento social e econômico do país.

Análise de tendências sociais e econômicas: Os dados da PNAD Contínua são utilizados por pesquisadores, acadêmicos e analistas para compreender e analisar tendências sociais, desigualdades e mudanças na dinâmica socioeconômica brasileira.

Tomada de decisões empresariais: Empresas e investidores utilizam essas informações para análises de mercado, planejamento estratégico e tomada de decisões relacionadas à contratação de mão de obra e investimentos.

Esse é o seu caso? Então conheça o podcast Diário Econômico, que traz todos os dias pela manhã as principais informações que afetam os mercados, com análise da economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito.  

Apresentado de forma simples e objetiva, os episódios lançados de segunda a sexta-feira — sempre às 6h — trazem informações essenciais para começar o dia bem informado, em apenas cinco minutos.

Como é calculada a taxa de desemprego no Brasil?

O desemprego é um dos indicadores-chave para avaliar a saúde econômica de um país e o bem-estar de sua população. 

Como falamos acima, a PNAD Contínua fornece informações detalhadas sobre o mercado de trabalho, incluindo taxas de desemprego, ocupação, informalidade e outras variáveis relevantes.

Segundo as diretrizes do IBGE, o conceito de desemprego vai além da ausência de um emprego formal. A pesquisa considera desempregada a pessoa em idade ativa (acima de 14 anos) que está disponível para trabalhar e em busca de uma ocupação.

No entanto, é crucial compreender que existem situações em que a ausência de um emprego não se enquadra no critério de desemprego. Por exemplo:

  • Um estudante universitário que dedica seu tempo exclusivamente aos estudos;
  • Uma dona de casa que não exerce atividades remuneradas fora de casa;
  • Uma empreendedora que administra seu próprio negócio.

Conforme a metodologia adotada pela PNAD Contínua, o estudante e a dona de casa são considerados fora da força de trabalho, enquanto a empreendedora é classificada como pessoa ocupada.

Além disso, o recebimento de benefícios de programas sociais, como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), ou seguro desemprego, não determina diretamente a situação de ocupação ou desocupação. 

Esses beneficiários podem ser classificados como parte da força de trabalho (como ocupados ou desocupados) ou fora dela.

Qual é a taxa de desemprego no Brasil hoje?

De acordo com a última PNAD Contínua, a taxa de desemprego subiu para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025.

TrimestreTaxa de desemprego
Agosto, setembro e outubro6,2%
Julho, agosto e setembro6,5%
Junho, julho e agosto6,6%
Maio, junho e julho6,8%
Abril, maio e junho6,9%
Março, abril e maio de 20247,1%
Fevereiro, março e abril de 20247,5%
Janeiro, fevereiro e março de 20247,9%
Dezembro de 2023 e janeiro e fevereiro de 20247,8%
Novembro e dezembro de 2023, e janeiro de 20247,6%
Outubro, novembro e dezembro de 20237,4%
Setembro, outubro e novembro de 20237,5%
Agosto, setembro e outubro de 20237,6%
Julho, agosto e setembro de 20237,7%
Junho, julho e agosto de 20237,8%
Maio, junho e julho de 20237,9%
Abril, maio e junho de 20238,0%
Março, abril e maio de 20238,3%
Fevereiro, março e abril de 20238,5%
Janeiro, fevereiro e março de 20238,8%

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