O universo financeiro está repleto de siglas e índices que podem ser confusos para quem está começando a se aventurar nesse mundo. Um desses termos é o IPCA-15, também conhecido como Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15. 

Mas afinal, o que é o IPCA-15 e qual o seu impacto no cenário econômico? Confira o guia completo e veja a análise do time de economistas do PicPay.

Análise do IPCA-15 de abril de 2025

Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.

O IPCA-15 de abril avançou 0,43%, acima da nossa projeção de 0,38%. No acumulado em 12 meses, a inflação segue em alta, atingindo 5,49%. Qualitativamente, o resultado foi ruim. Os serviços (~7,5%) e industriais (~6%) significativamente desancoradas na média dos últimos três meses (dessazonalizadas e anualizadas), mantém um cenário desafiador para a política monetária (EX3). Dessa forma, seguimos projetando que o Copom eleve a Selic para 15%, com uma próxima alta de 50 pontos-base, seguida por outra de 25 pontos-base — patamar no qual a taxa deve permanecer até o fim do ano.

Dos nove grupos analisados, oito apresentaram variação positiva em abril. Os maiores impactos partiram dos grupos Alimentação e Bebidas (1,14%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,96%). No caso da alimentação, o aumento foi puxado principalmente pela alimentação no domicílio (1,29%), com destaque para as altas expressivas no preço do tomate (32,67%), do café moído (6,73%) e do leite longa vida (2,44%). Já no grupo de saúde, os principais vetores de alta foram os itens de higiene pessoal (1,51%) e os produtos farmacêuticos (1,04%), influenciados pelo recente reajuste autorizado de até 5,09% nos preços dos medicamentos. Os planos de saúde também contribuíram para o avanço, com aumento de 0,57%. Por outro lado, o grupo Transportes (-0,44%) foi o único a apresentar queda no mês. A principal contribuição negativa veio das passagens aéreas, que recuaram 14,38%, além dos combustíveis, que registraram queda de 0,38%.

Nossa projeção para a inflação em 2025 é de 5,6%. Seguimos vendo um viés altista no balanço de riscos, embora avaliemos que eles estão mais equilibrados do que anteriormente. Entre os fatores de baixa, ressaltamos: (i) um ambiente global menos propenso à atividade, reflexo de choques no comércio internacional; e (ii) possível redução dos preços administrados, especialmente dos combustíveis, com a queda do petróleo. Por outro lado, monitoramos riscos de alta, como: (i) desancoragem das expectativas de inflação; (ii) uma inflação de serviços mais persistente, impulsionada pelo hiato do produto positivo; e (iii) desvalorização da moeda em um contexto de percepção fiscal.

O que é o IPCA-15?

O IPCA-15 é uma prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que por sua vez é o índice oficial utilizado pelo governo para medir a inflação no país. 

Ele é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e abrange uma parcela significativa da população brasileira.

O indicador é relevante por fornecer uma prévia dos possíveis rumos da inflação, permitindo que empresas, investidores e o próprio governo tomem medidas preventivas ou estratégicas em relação à economia. 

Seu impacto é significativo nos mercados financeiros, influenciando decisões de investimento, políticas monetárias e até mesmo o poder de compra do consumidor.

O IPCA-15 é mais do que um simples índice de inflação preliminar; é uma ferramenta valiosa para compreender e antecipar movimentos na economia brasileira. 

Aqueles que acompanham de perto esses indicadores estão mais preparados para tomar decisões financeiras fundamentadas e enfrentar os desafios do cenário econômico.

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Como é calculado o IPCA-15?

Sua metodologia de cálculo é semelhante à do IPCA, porém o período de coleta de dados é diferente. 

Enquanto o IPCA é medido do primeiro ao último dia do mês, o IPCA-15 é calculado entre meados do mês anterior e meados do mês vigente. Isso o torna uma espécie de termômetro preliminar da inflação.

Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:

Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.

IPCA-15 nos últimos 12 meses

MêsIPCA-15
Abril de 20250,43%
Março de 20250,64%
Fevereiro de 20251,23%
Janeiro de 20250,11%
Dezembro de 20240,34%
Novembro de 20240,62%
Outubro de 20240,54%
Setembro de 20240,13%
Agosto de 20240,19%
Julho de 20240,30%
Junho de 20240,39%
Maio de 20240,44%
Abril de 20240,21%
Março de 20240,36%
Fevereiro de 20240,78%
Janeiro de 20240,31%
Dezembro de 20230,40%
Novembro de 20230,33%
Outubro de 20230,21%
Setembro de 20230,35%
Agosto de 20230,28%
Julho de 2023-0,07%
Junho de 20230,04%
Maio de 20230,51%
Abril de 20230,57%
Março de 20230,69%
Fevereiro de 20230,76%
Janeiro de 20230,55%
Dezembro de 20220,52%

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