O universo financeiro está repleto de siglas e índices que podem ser confusos para quem está começando a se aventurar nesse mundo. Um desses termos é o IPCA-15, também conhecido como Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15.
Mas afinal, o que é o IPCA-15 e qual o seu impacto no cenário econômico? Confira o guia completo e veja a análise do time de economistas do PicPay.
Análise do IPCA-15 de março de 2025
Por Igor Cadilhac, economista do PicPay.
O IPCA-15 de março avançou 0,64%, abaixo da nossa projeção de 0,70%. No acumulado em 12 meses, a inflação segue em alta, atingindo 5,26%. Apesar da surpresa baixista, qualitativamente, o resultado foi misto e dentro do esperado. Do lado positivo, os bens industriais subjacentes novamente apresentaram um comportamento favorável. No entanto, os serviços subjacentes continuam bastante pressionados. Em alimentação, embora tenha sido um dos principais fatores por trás da nossa surpresa baixista, a tendência ainda traz preocupações. Diante disso, as principais métricas da inflação seguem girando próximas de 6% na média dos últimos três meses (dessazonalizado e anualizado), mantendo um cenário desafiador para a política monetária. Assim, seguimos projetando que o Copom eleve a Selic para 15%, patamar no qual deve permanecer até o fim do ano.
Dos nove grupos analisados, todos registraram variação positiva em março. Os maiores impactos vieram de Alimentação e bebidas (1,09%) e Transportes (0,92%). Em alimentação, a principal pressão veio da alimentação no domicílio (1,25%), impulsionada pelas altas do ovo de galinha (19,44%), tomate (12,57%) e café moído (8,53%). Nos transportes, o destaque foi a alta dos combustíveis (1,88%), com a gasolina (1,83%) sendo o principal item altista do mês. Habitação desacelerou de 4,34% para 0,37%, refletindo a menor pressão da energia elétrica residencial (0,43%). Os demais grupos apresentaram variações mais moderadas.
Nossa projeção para a inflação em 2025 é de 5,6%. Seguimos vendo um viés altista no balanço de riscos, embora avaliemos que eles estão mais equilibrados do que anteriormente. Entre os fatores de baixa, ressaltamos: (i) uma desaceleração da economia doméstica mais intensa; e (ii) um ambiente global menos propenso à inflação, reflexo de choques no comércio internacional. Por outro lado, monitoramos riscos de alta, como: (i) uma desancoragem prolongada das expectativas de inflação; (ii) uma inflação de serviços mais persistente, impulsionada pelo hiato do produto positivo; e (iii) desvalorização da moeda em um contexto de percepção fiscal.
O que é o IPCA-15?
O IPCA-15 é uma prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que por sua vez é o índice oficial utilizado pelo governo para medir a inflação no país.
Ele é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e abrange uma parcela significativa da população brasileira.
O indicador é relevante por fornecer uma prévia dos possíveis rumos da inflação, permitindo que empresas, investidores e o próprio governo tomem medidas preventivas ou estratégicas em relação à economia.
Seu impacto é significativo nos mercados financeiros, influenciando decisões de investimento, políticas monetárias e até mesmo o poder de compra do consumidor.
O IPCA-15 é mais do que um simples índice de inflação preliminar; é uma ferramenta valiosa para compreender e antecipar movimentos na economia brasileira.
Aqueles que acompanham de perto esses indicadores estão mais preparados para tomar decisões financeiras fundamentadas e enfrentar os desafios do cenário econômico.
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Como é calculado o IPCA-15?
Sua metodologia de cálculo é semelhante à do IPCA, porém o período de coleta de dados é diferente.
Enquanto o IPCA é medido do primeiro ao último dia do mês, o IPCA-15 é calculado entre meados do mês anterior e meados do mês vigente. Isso o torna uma espécie de termômetro preliminar da inflação.
Atualmente, a pesquisa abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, residentes em 11 áreas urbanas dos seguintes locais:
Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.
IPCA-15 nos últimos 12 meses
Mês | IPCA-15 |
Março de 2025 | 0,64% |
Fevereiro de 2025 | 1,23% |
Janeiro de 2025 | 0,11% |
Dezembro de 2024 | 0,34% |
Novembro de 2024 | 0,62% |
Outubro de 2024 | 0,54% |
Setembro de 2024 | 0,13% |
Agosto de 2024 | 0,19% |
Julho de 2024 | 0,30% |
Junho de 2024 | 0,39% |
Maio de 2024 | 0,44% |
Abril de 2024 | 0,21% |
Março de 2024 | 0,36% |
Fevereiro de 2024 | 0,78% |
Janeiro de 2024 | 0,31% |
Dezembro de 2023 | 0,40% |
Novembro de 2023 | 0,33% |
Outubro de 2023 | 0,21% |
Setembro de 2023 | 0,35% |
Agosto de 2023 | 0,28% |
Julho de 2023 | -0,07% |
Junho de 2023 | 0,04% |
Maio de 2023 | 0,51% |
Abril de 2023 | 0,57% |
Março de 2023 | 0,69% |
Fevereiro de 2023 | 0,76% |
Janeiro de 2023 | 0,55% |
Dezembro de 2022 | 0,52% |
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