O CEO do PicPay, Eduardo Chedid, foi o convidado do episódio #150 do podcast internacional Couchonomics with Arjun, um dos principais programas sobre o futuro das finanças e da tecnologia.

A participação representou um marco importante: foi a primeira vez que um líder da América Latina participou do podcast, reforçando o papel do Brasil como referência global em inovação financeira.

A evolução do mercado financeiro brasileiro

Durante a conversa, Chedid fez um panorama histórico do setor financeiro no Brasil, destacando a transformação das últimas três décadas.

Segundo ele, o país passou de um cenário altamente concentrado — em que poucos bancos detinham quase todo o mercado — para um ambiente mais competitivo e aberto à inovação, impulsionado pela agenda do Banco Central.

“O Banco Central foi o grande patrocinador dessa desconcentração, com medidas que abriram espaço para novos players, como as fintechs e os neobanks”, destacou o CEO.

Hoje, o brasileiro tem, em média, cinco contas bancárias — reflexo de um mercado dinâmico e digitalizado.

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Do app de pagamentos ao ecossistema financeiro completo

Chedid também falou sobre a trajetória do PicPay, que começou em 2012 como uma carteira digital para pagamentos P2P e se transformou em um banco completo, com produtos de crédito, investimentos e soluções para empresas.

“De 2021 até agora, lançamos pelo menos um novo produto por mês”, destacou Chedid.

A expansão foi impulsionada pelo Pix, que o PicPay adotou desde o início e que hoje está totalmente integrado à experiência dos mais de 64 milhões de usuários da plataforma – inclusive no WhatsApp, onde o PicPay é pioneiro com o Assistente de Pagamentos. “Hoje, nós também precisamos ser appless”, acrescentou.

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Organização ágil e cultura de colaboração

Para sustentar o ritmo acelerado de lançamentos, o PicPay opera com 16 unidades autônomas de negócio, cada uma com sua própria equipe de liderança e produto.

Chedid explicou que o desafio está em garantir governança e alinhamento estratégico, o que é feito com muita disciplina e transparência.

“Nos reunimos toda segunda-feira, com todas as 16 unidades, por quatro horas. Revisamos números, projetos e próximos passos. Assim, ninguém trabalha isolado”, contou.

Segundo ele, essa rotina garante que a empresa permaneça ágil sem perder a coordenação, permitindo que produtos de diferentes áreas — como pagamentos, crédito e investimentos — evoluam de forma integrada.

Dados como motor do ecossistema

Chedid explicou que o PicPay nasceu com uma visão aberta e orientada por dados.

Desde o início, funciona como um grande repositório de informações sobre o comportamento financeiro dos usuários — o que possibilitou o desenvolvimento de produtos como o crédito e os investimentos, além da capacidade de usar dados de forma inteligente.

Cripto e o futuro do dinheiro

Ao falar sobre tendências, Chedid abordou o papel das moedas digitais e ativos tokenizados, temas que têm ganhado destaque global.

Ele revelou que o PicPay chegou a operar com criptoativos, alcançando 1,3 milhão de clientes em apenas seis meses, mas decidiu pausar o projeto até que o ambiente regulatório amadurecesse.

Agora, a operação já foi retomada, com o avanço da regulação no Brasil e a demanda crescente dos próprios usuários. Já são 15 tokens disponíveis.

Concorrência e foco no Brasil

Chedid também falou sobre o ambiente competitivo no país, ressaltando que os bancos tradicionais brasileiros estão entre os mais avançados do mundo, o que torna a disputa ainda mais intensa.

“Competimos com bancos grandes e com outras fintechs, mas o principal foco é capturar os 70% do lucro do setor que ainda estão nas instituições tradicionais.”

Por isso, o PicPay segue com prioridade total no mercado brasileiro nos próximos dois anos, com planos de expansão internacional apenas no médio prazo, possivelmente via parcerias estratégicas.

Inspiração global e aprendizado contínuo

Mesmo com foco no Brasil, o PicPay mantém uma visão global de aprendizado.

Chedid contou que, recentemente, a companhia levou todo o time de liderança — cerca de 45 pessoas — para um programa de imersão em Londres, onde visitaram mais de 30 empresas de tecnologia e serviços financeiros.

“Vimos o que está acontecendo no mundo, trocamos experiências e voltamos com boas ideias. É um processo contínuo de evolução.”


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