A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é um dos principais instrumentos da política monetária do Banco Central. Neste conteúdo, vamos falar mais sobre isso e trazer uma análise da taxa hoje.

A Selic influencia diretamente o crédito, os investimentos e o consumo no país, sendo utilizada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para controlar a inflação e estimular o crescimento econômico.

O que é a Selic?

Como falamos no início, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, que serve como referência para as demais taxas de juros do mercado, afetando desde os rendimentos de investimentos até os custos de financiamentos e empréstimos.

O Banco Central ajusta a Selic conforme a necessidade de conter ou estimular a economia. Quando a inflação está alta, o Copom tende a aumentar a taxa para encarecer o crédito e reduzir o consumo. 

Já em cenários de crescimento fraco, a Selic pode ser reduzida para incentivar investimentos e aquecer a atividade econômica.

Como a Selic impacta a economia?

A decisão do Copom sobre a taxa básica de juros tem reflexos diretos e indiretos em diversos setores da economia. Alguns dos principais impactos incluem:

Crédito e financiamentos: Taxas mais altas encarecem empréstimos e financiamentos, reduzindo o consumo e a inflação. Quando a Selic cai, o crédito fica mais acessível, estimulando o crescimento econômico.

Investimentos: Uma Selic elevada torna investimentos de renda fixa, como o Tesouro Direto e CDBs, mais atrativos, reduzindo o apetite por ativos de maior risco, como a bolsa de valores.

Dólar e mercados: Mudanças na Selic podem impactar a taxa de câmbio, influenciando a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros.

Inflação: Uma Selic mais alta reduz a pressão inflacionária ao encarecer o crédito e desaquecer a economia. Por outro lado, cortes na taxa podem impulsionar os preços caso haja demanda excessiva.

Como funciona a reunião do Copom?

O Comitê de Política Monetária (Copom) é formado pela diretoria do Banco Central e se reúne a cada 45 dias para definir a taxa Selic. Durante essas reuniões, os membros analisam indicadores econômicos, projeções de inflação e o cenário global antes de tomar uma decisão.

Leia mais: Reunião Copom: veja o calendário completo 2025

A decisão do Copom é anunciada no final do segundo dia de reunião e, posteriormente, um comunicado detalha os motivos por trás da escolha. 

Além disso, na semana seguinte à decisão, o Comitê divulga a Ata do Copom, trazendo uma análise mais aprofundada do contexto econômico e das perspectivas futuras para a política monetária.

Análise da reunião do Copom de junho de 2025

Por Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.

Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano. A decisão reflete o compromisso do Banco Central com a convergência da inflação para a meta, em um contexto de inflação persistente, expectativas desancoradas e incertezas elevadas no cenário global e doméstico.

No exterior, a conjuntura segue adversa, com destaque para os desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos, que aumentam as incertezas sobre a magnitude da desaceleração global e afetam de forma heterogênea o cenário inflacionário entre países. A volatilidade nos mercados internacionais também tem pressionado as condições financeiras, especialmente para economias emergentes, exigindo maior cautela diante do agravamento das tensões geopolíticas.

No cenário doméstico, embora a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda apresentem certo dinamismo, já se observa uma moderação no crescimento. A inflação cheia e seus componentes subjacentes permanecem acima da meta, e as projeções para 2025 e 2026, segundo o Focus, estão em 5,52% e 4,5%, respectivamente. O próprio Copom projeta inflação de 3,6% em 2026, o que reforça o viés hawkish do comunicado.

O balanço de riscos para a inflação permanece elevado e simétrico. Entre os riscos de alta, o Comitê destaca a possível desancoragem prolongada das expectativas, a resiliência da inflação de serviços e os efeitos de políticas econômicas internas e externas menos alinhadas com a estabilidade de preços, incluindo uma taxa de câmbio persistentemente depreciada. Já os riscos de baixa incluem uma desaceleração doméstica mais forte que a prevista, um choque negativo global mais severo e quedas adicionais nos preços de commodities.

Neste contexto, consideramos adequada a decisão de manter a política monetária em território significativamente contracionista por um período prolongado. O comunicado indica que o estágio atual do ciclo exige cautela adicional, com o Comitê adotando postura vigilante e flexível. A depender da evolução dos dados, pode haver interrupção no ciclo de alta para avaliar os impactos acumulados dos ajustes já realizados.

Mantemos a expectativa de que a Selic permaneça no patamar de 15% nas próximas reuniões, a depender da dinâmica da inflação e da atividade econômica, bem como do comportamento da política fiscal. Caso o processo de desinflação se mostre mais lento que o esperado, novas altas não estão descartadas.

Por fim, o comunicado reafirma a estratégia do Copom de atuar com prudência e transparência, preservando a credibilidade do regime de metas e ancorando as expectativas, com foco na estabilidade de preços.

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